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Mota-Engil na corrida a obras nas plataformas da Petrobras

Com as maiores construtoras brasileiras impedidas de participar em concursos da petrolífera por causa do seu envolvimento no escândalo Lava Jato, abrem-se oportunidades para grupos de outras nacionalidades.

12º - Gonçalo Moura Martins - Mota-Engil: 526 mil euros
18 de Dezembro de 2017 às 22:00
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As grandes construtoras brasileiras, envolvidas no escândalo de corrupção Lava Jato, estão impedidas de fechar contratos com a Petrobras, o que tem levado empresas de outras nacionalidades e dimensões a procurar aproveitar o momento. É o caso da portuguesa Mota-Engil, que em Outubro passado entregou uma proposta no concurso lançado pela petrolífera brasileira para contratos de manutenção de um total de 25 plataformas da Bacia de Campos, dividido em três lotes.

De acordo com a imprensa daquele país, foram 19 as empresas que entregaram propostas, tendo duas sido desclassificadas. São assim 17 os concorrentes a estes contratos de serviços de manutenção em 25 plataformas de produção de óleo e gás, estimados em 1,3 mil milhões de reais (mais de 330 milhões de euros).

O processo, que está ainda na fase de análise interna por parte da petrolífera, está previsto ser concluído em Abril de 2018 de forma a que o serviço tenha início em Junho do próximo ano.

Além da portuguesa Mota-Engil, entregaram propostas empresas ligadas a grupos chineses, espanhóis, franceses e noruegueses, assim como grupos brasileiros de menor dimensão que não foram envolvidos nas investigações do Lava Jato e que desta forma não integram a lista de empresas que a Petrobras está impedida de contratar.

Ao Negócios, fonte oficial da construtora portuguesa escusou-se a comentar a sua participação no concurso para a manutenção das plataformas da Petrobras.

Antes do Lava Jato, o Brasil era um mercado praticamente inacessível para as construtoras portuguesas. Agora, quer a Mota-Engil quer a Teixeira Duarte têm apostado neste país, onde ganharam já, em consórcio, obras rodoviárias. A abertura a grupos estrangeiros é encarada pelo Brasil como uma forma de se credibilizar.

A Mota-Engil adquiriu em finais de 2012 uma participação na Empresa Construtora Brasil (ECB), sediada em Minas Gerais. Com a oportunidade aberta pelo afastamento dos maiores grupos brasileiros dos grandes contratos, assim como pela queda que o sector registou no país, a empresa ascendeu, no ranking de 2017, à 15.ª posição entre as maiores construtoras do Brasil.

Bloqueios cautelares
Desde Dezembro de 2014, um bloqueio cautelar da Justiça brasileira suspendeu negócios da Petrobras com várias empresas envolvidas na investigação. Várias já assinaram acordos de leniência – também chamado de delação premiada – admitindo a sua participação no esquema da Petrobras e aceitando pagar elevadas multas. As construtoras envolvidas comprometeram-se ainda a melhorar os seus programas internos de controlo e de "compliance". Da implementação dessas mesmas medidas depende a possibilidade de voltarem a poder ser contratadas pela Petrobras.

Segundo dados recentes da petrolífera, cerca de 20 empresas ainda estão sujeitas à medida cautelar de bloqueio, que as impede de serem contratadas e de participarem em concursos da petrolífera. Essas penalidades tiveram início em Dezembro de 2014, não havendo data definida para terminar.

Nessa lista estão empresas como a construtora Queiroz Galvão, Camargo Corrêa ou Norberto Odebrecht, alguns dos grandes grupos que dominavam este mercado. Já este ano a Petrobras aprovou a celebração de um termo de compromisso com a Andrade Gutierrez para a retirada do bloqueio cautelar que impedia a empresa de participar nos seus concursos.
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