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Fixar tecto máximo de preços? "É uma ilusão", diz presidente da Mercadona

Líder da maior cadeia de supermercados espanhola, Juan Roig, diz que todos gostavam que os preços dos produtos baixassem, mas aponta que mercado rege-se pela lei da oferta e da procura e que ninguém tem capacidade de influir sobre os mesmos.

A Pera Rocha segue para a Mercadona em caixas plásticas reutilizáveis, que no destino são lavadas e devolvidas à origem para nova viagem.
14 de Março de 2023 às 13:16
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Fixar os preços dos produtos não só é "uma ilusão", como é "irrealizável", afirmou o presidente da Mercadona, Juan Roig, em reação à possibilidade que está a ser estudada pelo Governo português de estipular um tecto nos bens alimentares nos supermercados.

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, esta terça-feira, realizada em Valência, com transmissão direta online, muito marcada, de resto, pela subida dos preços dos bens alimentares, tanto em Portugal como em Espanha, o líder da retalhista sinalizou que "todos gostariam que baixassem", mas lembrou que querer não é poder: "Dependemos da oferta e da procura. Ninguém pode influir".

Juan Roig admite que "possam ser feitas algumas coisas" para propiciar uma descida dos preços, como reduzir a qualidade dos produtos, algo que rejeita fazer. "Não vamos baixar os preços dos produtos artificialmente", vincou.

No ano passado, a Mercadona diz ter sofrido um agravamento de 12% nos custos e repercutiu 10% nos preços de venda ao público, uma diferença de dois pontos percentuais que equivaleu "a 600 milhões de euros" que foi possível acomodar designadamente graças "à eficiência de custos e produtividade", que aumentou 7% face a 2021, que permitiram, em conjunto, uma poupança na ordem dos 375 milhões de euros.

A retalhista garante que o aumento dos preços dos produtos ao consumidor era inevitável, dado que estava entre a espada e a parede: se não subisse o preço ficava sem o produto na prateleira e causaria "um desastre" na cadeia de abastecimento. Juan Roig deu o exemplo do tomate, que encareceu 50% depois de a guerra na Ucrânia ter feito disparar os preços do gás, e o da carne de porco, cujo valor subiu mais de 85% num ano devido à forte procura por parte da China.

"O que acontece no mundo afeta-nos, desde a guerra na Ucrânia, aos preços da energia, passando pela gripe aviária ou pela quebra na produção de porco e a subida da procura", apontou.

"Queremos baixar os preços mas isso depende de muitos fatores", realçou, dando conta de que, todos os meses, "inspeciona" as variações e que, desde o início de março, por exemplo, a Mercadona desceu os preços de 160 produtos e subiu o de 50.

Baixar o preço do carrinho de compras é, aliás, um dos objetivos para este ano, diz Juan Roig, afirmando que "desde há muitos anos que a inflação não era determinante para nada", embora sem traçar metas.

A Mercadona fechou o ano passado com o aumento de 11% das vendas consolidadas para 31.041 milhões de euros (30.304 milhões correspondem à faturação da empresa em Espanha e os restantes 737 milhões de euros em Portugal), com "muito de inflação", sublinhou Juan Roig. Do total, 540 milhões de euros foram faturados através das vendas "online", especificou o mesmo responsável.

A subida dos gastos (em mais de 500 milhões em 2022) cortou a margem da empresa em 0,6 pontos, o que se traduziu "numa das mais baixas rentabilidades da sua história", correspondendo a 0,025 euros de lucro por cada euro vendido, face aos 0,027 euros de 2021. O lucro líquido da Mercadona atingiu assim 718 milhões de euros, refletindo um aumento de 5% comparativamente a 2021.

Já a contribuição tributária da cadeia de supermecados para os cofres públicos de Portugal e Espanha foi "histórica", subindo 12% em 2022 para 2.263 milhões de euros.

Em 2023, a  Mercadona prevê faturar 32.000 milhões de euros, ou seja, sensivelmente mais 3% do que em 2022, investir 1.100 milhões de euros, criar 1.000 postos de trabalho e fechar com um lucro líquido idêntico ao do ano passado.

A Mercadona conta com 1.676 supermercados (incluindo 39 em Portugal) e emprega 99 mil colaboradores (incluindo 3.500 em Portugal).






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