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Tranquilidade financiou GES em 2014 porque não previa falência
Peter Brito e Cunha admitiu ter investido 150 milhões em dívida do GES. Era bem remunerado e era "sempre na base do curto prazo" para ajudar o accionista. Já tinha havido investimentos no passado. E, aí, tinha havido reembolso.
A Tranquilidade colocou 150 milhões de euros em dívida do Grupo Espírito Santo que abriram um buraco na seguradora. Foram feitos em Maio e Junho de 2014 porque, embora já houvesse notícias sobre as dificuldades do grupo, o presidente da empresa não tinha motivos para "duvidar" daquele que era o seu accionista.
"Não havia conhecimento da situação real do grupo. Não havia nada a apontar nesse sentido", disse Peter Brito e Cunha na audição desta quarta-feira, 11 de Fevereiro, da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.
Para Brito e Cunha, era do interesse da seguradora fazer este investimento no accionista, que precisava de ajuda. "Quando concordei em dar estes quatro empréstimos, sempre o fiz na óptica que não havia problema nenhuma. Essa ajuda interessava sempre à Tranquilidade: por um lado, era bem remunerado, eram sempre investimentos bem remunerados, com um muito baixo risco; por outro, foram sempre apontados como empréstimos muito temporários".
A Tranquilidade emprestou cerca de 150 milhões de euros ao GES, em quatro empréstimos. Foram colocados 85 milhões em papel comercial da Esfil, 50 milhões em papel comercial da ESFG e 15 milhões de um financiamento à tesouraria da ESF (Portugal). Isto em Maio e Junho de 2014, quando as empresas do grupo estavam já perto de entrar em bancarrota. Na altura, já eram noticiadas "irregularidades" nas contas da ESI, a empresa de topo de todo o universo Espírito Santo.
Peter Brito e Cunha informou que a seguradora aceitou dar estes empréstimos ao GES porque já o havia feito anteriormente – e, até aí, tinham sido pagos. "Em Fevereiro, tinha havido um empréstimo de 100 milhões à ESFG que foi reembolsado na íntegra".