Notícia
PGR de Angola investiga gestão do BESA
A abertura do inquérito foi iniciativa dos accionistas do banco - agora Banco Económico -, entre os quais estão a Sonangol, o Novo Banco e a Geni, holding de Isabel dos Santos.
A Procuradoria-Geral de Angola anunciou esta quarta-feira, 27 de Abril, a abertura de uma investigação à gestão do BES Angola (BESA).
Em causa, de acordo com a Reuters, que cita o procurador-geral, João Maria de Sousa, está a conduta dos gestores à frente do banco no país.
Entre os accionistas do Banco Económico – nova denominação do BESA, a partir de Outubro de 2014 – está a petrolífera angolana estatal Sonangol (com participações directas e indirectas que ascendem a 39,4%), os chineses da Lektron Capital, a Geni (holding de Isabel dos Santos) e o Novo Banco, com 9,72%.
O responsável não quis detalhar se poderá haver detenções, dizendo "desconhecer os factos". Não foram avançados nomes das pessoas a investigar.
O tema BESA também está a ser alvo de investigações pelo Ministério Público em Portugal no âmbito do Universo Espírito Santo. Este último inquérito conta com vários arguidos, como Ricardo Salgado, o antigo presidente do BES.
O Banco de Portugal já avançou também com uma acusação que visa 18 entidades e personalidades no processo que envolve o BESA. O Parlamento português constituiu uma comissão parlamentar de inquérito em que as relações com o BESA foram as mais difíceis de escrutinar.
Logo depois da resolução do BES, o BESA foi intervencionado em Angola, tornando-se no Banco Económico. Até ao final deste mês de Abril o Novo Banco tem empréstimos a receber da entidade - 397 milhões - , mas a PwC considera que há incertezas sobre se vai haver devolução.
Na semana passada, o Observador noticiou que o BESA concedeu mais créditos alegadamente irregulares do que o inicialmente estimado. Citando dados das investigações que decorrem em Portugal ao Universo Espírito Santo, aquele meio de comunicação social referia que de 2009 a 2013 teriam sido concedidos créditos na ordem dos 6,8 mil milhões de dólares (6 mil milhões de euros) a que se tinha perdido o rasto dos beneficiários, contra os 5 mil milhões de euros anteriormente estimados.
Há suspeitas de que o dinheiro concedido pelo BESA a beneficiários que não estão identificados possa ter sido auferido por entidades ligadas a Álvaro Sobrinho mas também a altos titulares de cargos políticos angolanos e ainda entidades do Grupo Espírito Santo.
O Banco Espírito Santo (BES) foi alvo de uma intervenção, com perdas para accionistas e detentores de dívida, a 3 de Agosto de 2014, levando à divisão entre um banco com os activos saudáveis, Novo Banco, e um outro com activos considerados tóxicos, que manteve a denominação BES e vai agora entrar em liquidação.
A queda do BES não foi alheia à degradação da situação na filial angolana, a que tinha uma forte exposição e onde se verificou um descontrolo nos créditos concedidos.