Está a aumentar de forma expressiva a procura por crédito para a compra de habitação própria. Em dezembro, o valor concedido pelos bancos superou pela primeira vez os dois mil milhões de euros, levando o total de novos empréstimos no ano passado a atingir o valor mais elevado desde que existem registos. O Banco de Portugal atribuiu a tendência à forte procura registada pelos jovens.

Após dois meses consecutivos acima da fasquia dos 1.600 milhões de euros, dezembro ficou marcado por um acelerar dos pedidos de financiamento para a compra de casa. De acordo com dados do Banco de Portugal, foram concedidos 2.084 milhões de euros no último mês de 2024, um aumento de 55% face ao mesmo mês do ano anterior.

O crédito concedido no último mês veio catapultar o total de financiamento concedido para a habitação no ano passado. O novo crédito ascendeu a 17.631 milhões de euros, o que compara com os 13.118 milhões concedidos no acumulado de 2023. Ou seja, houve um crescimento de 34,4%.

"Para esta subida contribuiu principalmente o crédito concedido a mutuários com menos de 35 anos, que representou 47% do montante de novos contratos para habitação própria permanente concedidos a partir de agosto de 2024 (37% entre janeiro e julho de 2024)".

A explicação para o maior apetite dos jovens pelo financiamento para a compra de casa está na "entrada em vigor, em agosto, do Decreto-Lei n.º 48-A/2024, que isenta de IMT e de imposto do selo a compra da primeira habitação por jovens até aos 35 anos".

Recorde-se que no final do ano, início deste, os jovens passaram a contar com outra vantagem na hora de obterem financiamento para a compra de casa. Através de uma garantia pública, podem ter acesso à totalidade do valor necessário para a aquisição de habitação própria permanente.

Renegociações em queda

Enquanto o novo crédito disparou, as renegociações de crédito reduziram-se num contexto de queda das taxas de juro, no seguimento dos cortes realizados pelo Banco Central Europeu (BCE) à medida que a inflação abranda.

As renegociações encolheram de "12,0 mil milhões de euros, em 2023, para 7,8 mil milhões de euros em 2024", diz o Banco de Portugal. "Esta evolução é quase totalmente explicada pelas renegociações de crédito à habitação, que, em 2024, totalizaram 7,3 mil milhões de euros, menos 4,1 mil milhões de euros do que em 2023 (11,4 mil milhões de euros)".

As renegociações representaram, assim, 29% do total de novas operações de empréstimos à habitação (que inclui novo crédito e renegociações) em 2024, quando tinham ascendido a 46% do total em 2023.

(Notícia atualizada às 11:28 com mais informação)