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BCE preocupado com nova administração do BCP
Segundo o "Expresso", o banco central quer menos administradores na instituição e a nova lista fechada no início de Fevereiro.
O Banco Central Europeu (BCE) chamou a Frankfurt, na passada quarta-feira, os representantes dos principais accionistas do Banco Comercial Português (BCP), a Fosun e a Sonangol, para uma reunião, avança o "Expresso", na edição deste sábado. A entidade pretende conhecer o mais cedo possível os novos membros dos órgãos sociais do banco.
A reunião entre a instituição liderada por Mario Draghi e os accionistas do banco português teve em cima da mesa o tema do modelo económico do BCP e a nova administração. Isto porque é o supervisor europeu que tem a responsabilidade de fazer a avaliação de idoneidade e competências para o exercício do cargo dos novos membros do Conselho de Administração.
De acordo com a informação obtida pelo Expresso, uma das preocupações do BCE é saber o mais cedo possível quem vai fazer parte dos órgãos sociais e alertar o banco e os seus principais accionistas para as regras relativas ao equilíbrio de género e de competências e qualificações dos membros executivos e não-executivos e à coerência colectiva da organização como um todo. Esta lista dos novos órgãos sociais terá que ficar fechada no próximo mês.
E, segundo fonte próxima do processo citada pelo semanário, "o que tem estado a demorar mais esta equação é saber-se o que a Sonangol quer fazer com o BCP". As fontes ouvidas pelo Expresso revela, que a petrolífera angolana terá desistido do BCP a 16 de Dezembro.
Depois de Isabel dos Santos ter chegado a negociar a possibilidade de ir além dos 20% de participação no banco, aquando da entrada da Fosun, e tinha um ano para o fazer. Até 19 de Dezembro, a Sonangol chegou a reforçar a posição no BCP chegando a deter perto de 19%. Mas deixou passar o prazo de um ano para chegar aos 20% o que, segundo um administrador do banco, é o mesmo que dizer que é a Fosun quem manda.
Dentro do banco, esta decisão é relacionada com a mudança política em Angola e o seu impacto na petrolífera. O Governo angolano criou um grupo de trabalho para avaliar as participações do Estado e empresas públicas em bancos nacionais e estrangeiros, onde se inclui o BCP.
As fontes ouvidas esperam para breve uma clarificação da Sonangol em relação aos seus objectivos no BCP. De acordo com a informação divulgada a 30 de Junho, a Sonangol tinha uma posição de 15,24%, a Fosun 25,16% e a EDP (cujo maior accionista é a chinesa CTG) 2,11%. Desde então, nenhuma alteração foi comunicada ao mercado.
O reforço do poder chinês no banco poderá ser também uma questão à qual o BCE está atento. O que preocupa o banco central não será uma questão de nacionalidade mas sim o equilíbrio entre grandes accionistas. Uma situação que, contudo, não coloca em causa a entrada da Fosun no capital do BCP até 30% já aprovada pelo BCE.
Relativamente aos órgãos sociais do banco para o próximo mandato, o BCE tem recomendado um conselho de administração mais pequeno do que o actual, composto por 19 membros. Mas esta é uma recomendação que pode ou não ser seguida. Nuno Amado, o actual presidente, deverá cumprir um novo mandato bem como outros administradores executivos.