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Administrador do BES "mau" perde com obrigações do Novo Banco
Não foi apenas o BES que ficou prejudicado com a transferência de dívida do Novo Banco. Também um dos administradores da entidade perdeu 100 mil euros nesta decisão do Banco de Portugal.
Um dos administradores do Banco Espírito Santo perdeu dinheiro com a medida ditada pelo Banco de Portugal para capitalizar o Novo Banco. Uma das obrigações visadas na transferência do Novo Banco para o BES "mau" estava nas mãos de César Brito.
No relatório e contas de 2015, onde revela prejuízos de 2,6 mil milhões de euros, o BES teve de comunicar que um dos seus administradores está na posse de uma obrigação que, um ano antes, não tinha revelado. Porquê? Porque em 2014 aquela obrigação era do Novo Banco. Foi a 29 de Dezembro de 2015 que o Banco de Portugal decidiu que cinco séries de obrigações do Novo Banco eram, afinal, responsabilidades do BES "mau". E ali foi o título de dívida de César Brito.
Enquanto administrador, César Brito tem de indicar ao mercado os títulos que tem da sociedade de que é administrador. É isso que é feito no relatório. O valor nominal da obrigação é 100 mil euros. Aliás, foi o facto de o valor mínimo de subscrição destes títulos ser de 100 mil euros que levou o Banco de Portugal a seleccionar estas cinco séries de obrigações seniores, já que defendia que eram detidas apenas por investidores institucionais os afectados pela transferência para o BES "mau".
A troca de dívida foi ditada para libertar o banco liderado por Eduardo Stock da Cunha de responsabilidades próximas de 2 mil milhões de euros, permitindo a sua capitalização.
Para o BES "mau", a medida decidida pelo Banco de Portugal resultou no agravamento da situação patrimonial, que tinha, no final de 2015, um buraco de 5,3 mil milhões de euros.