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Produtores de leite pedem estabilidade nos contratos sob pena de "desequilibrar" mercado

Aprolep diz ser "difícil perceber a dificuldade em escoar e valorizar o leite português quando Portugal continua a ser deficitário nos lacticínios" e pede uma "análise conjunta" para que se encontrem "as melhores soluções" para evitar que setor seja posto em causa.

27 de Agosto de 2024 às 16:51
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A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) lançou, esta terça-feira, um apelo dirigido aos políticos, à distribuição e à indústria de lacticínios  relativamente à necessidade de se encontrarem soluções para garantir estabilidade ao setor sob pena de se criar um "desequilíbrio no mercado" passível de o colocar em causa.

O alerta foi feito depois de ter tomado conhecimento de que "pelo menos 14 produtores de leite, entre os que fornecem atualmente a marca do Pingo Doce através da empresa Terra Alegre, foram surpreendidos com a informação de que serão dispensados e terão de procurar novo comprador de leite a partir de janeiro de 2025, uma situação que "não resulta de qualquer falha por parte dos produtores", mas antes da intenção do comprador de "reduzir a quantidade de leite que adquire".

"Esta atitude é surpreendente porque passaram apenas dois anos desde que estes produtores foram convidados a fornecer esta cadeia alimentar com a expetativa de um contrato de longa duração e perspetivas de crescimento", argumenta a Aprolep, apontando que "arriscaram mudar de comprador para poderem aumentar a produção e ganharem uma dimensão sustentável para encarar os desafios do futuro" e "fizeram investimentos", tendo "créditos para amortizar".

No comunicado enviado às redações, a Aprolep parte do caso particular para advertir para os efeitos de se alastrar: "Esta situação é preocupante e será grave para todo o setor se não surgirem indústrias ou cooperativas com capacidade para comprar e valorizar esse leite de forma estável e com um preço sustentável, capaz de cobrir os custos de produção".

A organização diz ser "difícil perceber a dificuldade em escoar e valorizar o leite português, quando Portugal continua a ser deficitário nos lacticínios, sobretudo devido à importação de milhões de euros em queijos e iogurtes". E, neste sentido, insta a uma "análise conjunta com cuidado e responsabilidade", para que se procurem "as melhores soluções para o destino deste leite, destes produtores, dos seus funcionários e das suas famílias, de forma a não criar um desequilíbrio no mercado que desvalorize o leite português e coloque em causa todo o setor".

Contactada pelo Negócios, fonte oficial da Terra Alegre afirmou que, "como é prática no setor do leite", "revê os contratos anualmente em função da sua gestão de 'stocks' existentes e das condições de produção e de mercado em geral", apontando que "quando do exercício de planeamento resulta que as necessidades de matéria-prima são menores, como se verifica atualmente, a Terra Alegre procura minimizar o impacto sobre os produtores, trabalhando de forma atempada (aviso prévio) e próxima com cada produtor para encontrar soluções para cada caso concreto".

"É este trabalho que tem vindo a ser realizado pela Terra Alegre desde há meses, numa busca conjunta de alternativas de escoamento", garante, numa resposta por escrito, em que sublinha que a sua conduta "pauta-se por uma relação responsável e respeitadora com os produtores com que trabalha, num espírito de verdadeira parceria".

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