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Portugal já se compara com países com piores cuidados de saúde nalgumas áreas
Um relatório da OCDE mostra que há uma "percentagem significativa" de portugueses com dificuldades na compra de medicamentos. Para o bastonário da Ordem dos Médicos "já nos começamos a comparar com os países que oferecem piores cuidados de saúde".
Os médicos consideram que Portugal começa a comparar-se com os países que oferecem piores cuidados de saúde nalgumas áreas, referindo as dificuldades de uma "percentagem significativa" da população na compra de medicamentos.
"Já nos começamos a comparar com os países que oferecem piores cuidados de saúde. Uma percentagem significativa da população tem dificuldade no acesso a consultar um médico ou a comprar medicamentos, que estão baratos. Portugal é o país da Europa que tem os medicamentos mais baratos", afirmou à Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos.
Miguel Guimarães comentava à agência Lusa dados de um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), hoje divulgado, e que mostra que, no ano passado, um em cada 10 portugueses não comprou medicamentos prescritos pelo médico por motivos financeiros.
"Estamos a ficar numa situação muito grave em termos de desigualdades sociais e é o maior problema na área da saúde. As desigualdades sociais em saúde têm de ser olhadas com muita atenção", afirmou o representante dos médicos.
Para o bastonário, o grande problema do desinvestimento público na saúde é o consequente aumento das desigualdades sociais, quer no acesso a medicamentos, a médicos ou a exames.
No relatório hoje conhecido - que traça um panorama da saúde global -, Portugal surge acima da média dos países da OCDE no que respeita à dificuldade em comprar medicamentos prescritos pelo médico.
No que respeita a consultas médicas, 8,3% dos portugueses falharam uma ida ao médico por motivos financeiros em 2016, sendo que, neste item, Portugal está abaixo da média europeia, que é de 10,5%.
O relatório Health at a Glance 2017 da OCDE traça uma visão geral da saúde dos 35 países da organização, mas reporta-se a alguns dados de 2016 e a vários de 2015.
Reportando-se a dados de 2015, o documento mostra que, em Portugal, cada habitante teve em média 4,1 consultas médicas anuais, abaixo da média da OCDE, que é de 6,9 consultas por habitante num ano.