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Montenegro e Pinto Luz juntos contra Rio, os três unidos contra o Governo

O debate começou com Montenegro e Pinto Luz ao ataque à liderança exercida por Rui Rio, que respondeu ligando os dois rivais à maçonaria. Com o debate já em velocidade de cruzeiro, os três candidatos uniram-se nas críticas à política do Governo socialista e no diagnóstico negativo ao estado da economia.

Sérgio Lemos
04 de Dezembro de 2019 às 21:38
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O primeiro debate entre os três candidatos à presidência do PSD nas diretas de janeiro começou aguerrido, com Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz a apostarem num ataque cerrado à liderança divisionista de Rui Rio. Encostado às cordas desde o início, o atual presidente social-democrata ripostou ligando os dois adversários à maçonaria, acusando-os de terem promovido uma constante guerrilha interna penalizadora das aspirações do partido.

Ultrapassada a troca de acusações - pontuada com os invariáveis elogios ao legado de Sá Carneiro e a disputa de quem mais se aproxima do fundador do PSD - Rio, Montenegro e Pinto Luz chegaram ao fim do debate unidos nas críticas às opções do Governo liderado pelo PS, no diagnóstico à situação da economia e na necessidade de reforçar a aposta nos serviços públicos sem que tal seja feito à custa de mais impostos. 

O debate emitido pela RTP começou pela avaliação à prestação de Rio nos quase dois anos como presidente laranja, em particular o desempenho eleitoral (legislativas e autárquicas). Rui Rio frisou ser preciso "contextualizar" as derrotas em ambas as eleições, recordando que os 24% de Sá Carneiro em 1976 foram um resultado melhor do que os 28% que o próprio obteve a 6 de outubro, isto para concluir que "há derrotas e derrotas". 

Montenegro lamentou "o pior resultado de sempre em eleições europeias e o pior resultado dos últimos 36 anos em legislativas", desfechos que justificou com a apresentação do PSD "como uma espécie de PS número dois". Pinto Luz, que começou por pedir o não recurso a doutores e engenheiros para facilitar o debate (trazendo à memória o "apenas Álvaro" do ex-ministro da Economia de Passos Coelho), criticou que Rio tenha dado "a iniciativa ao PS".

Obrigado a jogar à defesa, Rio foi ao baú buscar as derrotas eleitorais de Montenegro enquanto candidato autárquico e de Pinto Luz como líder da distrital de Lisboa antes de passar ao ataque. Foi então que o ex-autarca acusou os dois rivais de representarem os interesses da maçonaria e de terem fomentado a divisão interna no seio do PSD, minando assim a estratégia de Rio para o partido e para o país.

Na resposta, Montenegro aproveitou a oportunidade para recordar a saída de Castro Almeida da direção de Rio e as críticas feitas por Cavaco Silva para perguntar ao presidente do PSD se também estes fazem parte do grupo de militantes cuja atuação prejudicou o partido. Recordou ainda que Passos, de quem foi líder parlamentar, perdeu eleições para a câmara da Amadora e depois venceu duas eleições para primeiro-ministro e Pinto Luz ironizou dizendo que Rio é como o PCP pois "transforma derrotas em grandes vitórias".

Já Miguel Pinto Luz pediu a Rio para não se queixar constantemente de ter todos contra ele, defendendo ser o próprio a abrir guerras com os militantes, o Ministério Público ou a maçonaria. Rio reagiu às críticas de ambos com acusações de "hipocrisia".

Só Montenegro garante voto contra orçamento do PS

Se tanto o ex-líder parlamentar como o número dois da câmara de Cascais estiveram juntos nas críticas ao atual líder, na discussão sobre a posição a tomar na votação do Orçamento do Estado viu-se Rio e Pinto Luz num plano distinto do de Montenegro. 

Se este garante desde já o voto contra qualquer proposta que seja apresentada pelo Executivo socialista, que diz estar "amarrado ao PCP e ao Bloco de Esquerda", Rio e Pinto Luz recusam anunciar uma posição sem conhecerem o documento, considerando que ser contra só por ser não constitui uma "oposição construtiva". Todavia, ambos reconheceram ser "difícil" haver condições para que o Governo consiga apresentar uma proposta orçamental capaz de agradar, simultaneamente, aos parceiros preferenciais de esquerda e ao PSD. 

Quanto a entendimentos de regime, Rio reiterou a posição favorável a acordos em prol do interesse nacional, desde logo porque certas reformas só podem ser prosseguidas com os dois maiores partidos, seja por motivos políticos, seja constitucionais. Nesta questão, Pinto Luz mostra-se "menos otimista" devido à grande distância "para encontrar o ponto intermédio para poder fazer as reformas estruturais que o Estado precisa". O único a afastar qualquer tipo de negociação com o PS foi novamente Montenegro, que acabaria, mais à frente no debate, por ajustar a declaração ao assegurar que não defende "que se deva votar contra tudo só por vir do PS".  

Para justificar a sua posição, Montenegro recorreu a Sá Carneiro, lembrando que o antigo líder afirmou, em 1978, que o PSD não deveria fazer "acordos pontuais ou globais" com o na altura Governo do PS. Aí, Rio voltou a notar que os tempos são diferentes.

 

A ineficiência do serviços públicos, a degradação do Estado Social, em especial na saúde, a carga fiscal mais alta de sempre ou o "complexo ideológico" do Governo no que diz respeito à rejeição da complementaridade com os setores privado e social foram fatores de aproximação dos três candidatos às diretas de janeiro. Também o baixo crescimento económico, a necessidade de induzir maior potencial de expansão económica e de recuperar o "espírito reformista" juntou os pretendentes à presidência laranja.

Aposta clara nas autárquicas

Outro ponto onde não houve divergências diz respeito à importância que todos os candidatos atribuem às autárquicas de 2021, que Rio diz mesmo serem mais relevantes para o partido do que as legislativas. Neste tema nem sequer houve troca de acusações, com Montenegro a reconhecer mesmo que "o definhamento [do PSD] no poder local vem de trás" e não é apenas responsabilidade do atual líder.

Rio quer melhorar o resultado obtido em 2017 para inverter o ciclo de perda eleitoral ao nível autárquico, Montenegro considera que a câmara de Lisboa "deve alavancar" a estratégia social-democrata para as eleições locais e Pinto Luz pede a "renegeração de rostos" e a união do partido para não se repetir o cenário de há dois anos em que o PSD não perdeu autarquias apenas para o PS, mas para candidatos do partido.

(Notícia atualizada pela última vez às 22:50)
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