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Lisboa enviou dados à Rússia em 27 protestos nos mandatos de Costa e Medina

Auditoria revela que a autarquia lisboeta enviou dados sobre manifestantes para a embaixada russa em 27 ocasiões desde 2013, altura em que Costa liderava o município. Angola, Irão, Israel e China também receberam alertas.

24 de Junho de 2021 às 09:38
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A Câmara Municipal de Lisboa (CML), presidida atualmente por Fernando Medina, terá alertado a Embaixada da Rússia sobre 27 protestos que decorreram na capital portuguesa, passando informações sobre alguns dos manifestantes presentes. Estes dados fazem parte de uma auditoria interna feita no âmbito deste caso, revelada pela Sábado e pelo Expresso.

O mesmo documento, intitulado "Auditoria Interna aos Processos de Comunicação Prévia/Aviso para a Realização de Manifestações no Município de Lisboa", mostra que a CML fez chegar informações sobre os organizadores destas manifestações desde 2013. Nessa altura, António Costa era presidente da autarquia, tendo esta "tradição" continuado com o seu sucessor, Fernando Medina, que chegou ao cargo em 2015. 

Para além de informações enviadas à Rússia, esta auditoria revela que a autarquia da capital enviou outros dados em protestos contra a governação noutros países. Israel e Angola foram alertados por nove vezes, a China e a Arábia Saudita receberam avisos em duas manifestações e o Irão numa ocasião.

A auditoria, que não revela exatamente que dados pessoais dos manifestantes foram divulgados pelo município, explica que esta partilha de informações começou em 2013, numa manifestação "contra a violência dos direitos humanos cometidos pelo regime do Yanukovich [presidente da Ucrânia]". No mesmo ano, uma outra que dava visibilidade à detenção de 30 ativistas do Greenpeace na Rússia foi também alvo de partilha de dados entre Lisboa e Moscovo.

O "Russiagate", como ficou conhecido este caso, surgiu na sequência de uma denúncia feita ao Expresso e ao Observador sobre os dados relativos a três ativistas russos promotores de manifestações, enviados de Lisboa diretamente para Moscovo. 

De acordo com a auditoria, o último protesto - e que terá estado na origem da denúncia - aconteceu já em 2021, numa onda de "solidariedade com Alexei Navalny e apelo à sua libertação imediata", revela o documento.

Na semana passada, em conferência de imprensa nos Paços do Concelho, Medina tinha revelado que foram feitas 180 partilhas de dados a várias embaixadas sobre manifestações, sendo que 122 destas comunicações aconteceram antes do início do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) e 58 após essa data.
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