O Governo reuniu-se esta quarta-feira no Porto, no mercado do Bolhão, no dia em que passa um ano sobre a sua tomada de posse. A habitual conferência de imprensa decorreu entre as bancadas do mercado e Luís Montenegro aproveitou para fazer balanços. "Em cerca de um quinto do tempo que deveria ter tido a legislatura, o Governo executou um terço das medidas" do seu programa, declarou. 

"O País tem hoje estabilidade económica, financeira" e teve estabilidade política, apesar de viver agora "um momento de clarificação", sublinhou. 

O primeiro-ministro passou em revista medidas várias, de redução de impostos, sobretudo para os jovens, do crescimento dos salários - "em cerca de 7% no último ano" - e pensões ou dos acordo sobre várias carreiras da função pública. "Foi um ano em que tivemos um Governo de concertação, que acertou com a sociedade planos de ação, planos de entendimento" e "que fica marcado pela conciliação entre maior crescimento público, serviços públicos mais eficazes, maior rendimento das famílias, menos impostos", declarou

Tudo isso "deixa Portugal numa posição muito confortável" do ponto de vista internacional", destacou, num discurso que durou quase 15 minutos, ladeado pelos ministros. Questionado pelos jornalistas presentes com o facto de ter escolhido o mercado e, ainda mais, no dia em que um dos seus ministros, Pedro Duarte, anunciou a candidatura à câmara do Porto, Luís Montenegro desvalorizou que isso possa ser visto como uma ação de pré-campanha eleitoral. 

Falou em "descentralização" e lembrou que não foi a primeira vez que aconteceram reuniões do Conselho de Ministros noutras cidades do país que não Lisboa. "O mercado do Bolhão evidencia uma ideia que está muito ligada ao trabalho deste Governo, de olharmos para o nosso património, o nosso potencial, de o tornar rentável e atrativo (…) um sustentáculo de um país moderno e que assenta a sua vida em atividades diversas". O Porto "é a segunda cidade do país, uma referência das liberdade, estamos junto das pessoas, o que é outra característica desta governação". 

"As pessoas não vão decidir o seu sentido de voto por o Governo ter vindo aqui hoje", vão "decidir o que acharem que é melhor para o país daqui para a frente e nós sujeitamo-nos a essa avaliação".

PS Porto fala em "sucessivas sessões de campanha eleitoral"

"Violando a ética, a isenção e o respeito democrático, o Governo PSD/CDS, atualmente em gestão, está a usar recursos públicos para sucessivas sessões de campanha eleitoral um pouco por todo o país", considerou o PS Porto, numa nota assinada pelo presidente da federação distrital do Porto do PS, Nuno Araújo. 

Os socialistas sustentam que o balanço  mais não foi que "uma ação de campanha eleitoral" e acusam Pedro Duarte de ter aproveitado "o cargo, o momento e os recursos" para lançar a candidatura à câmara da cidade e o PSD de "utilização do aparelho do Estado para favorecer os seus interesses"

Logo em resposta aos jornalistas, Montenegro insistiu em que não houve "nenhuma violação dos deveres de neutralidade nem de isenção nem nenhuma ação que possa colocar em causa esses princípios". 

"Tentarei e farei um esforço muito grande e tenho instruído os membros do Governo a fazer o mesmo" para que "não possamos ser interpretados no exercício das nossas funções governativas como utilizando os meios adstritos a essas funções para nenhum tipo de trabalho partidário", afirmou. "Mas evidentemente que não tenho maneira de deixar de ser primeiro-ministro até outro assumir o meu lugar. São as regras do jogo".