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Lagarde: “O BCE esteve lá na primeira vaga e vai estar outra vez na segunda”
A presidente do Banco Central Europeu alerta que a economia da região está a perder mais fôlego do que o esperado, devido à forte propagação do coronavírus e medidas para o travar.
Numa conferência após a reunião de política monetária de outubro, Lagarde sinalizou que há uma clara deterioração das previsões atuais do BCE e que a recuperação económica na Zona Euro está a perder fôlego, bem como a confiança dos consumidores e das empresas. Mas frisou que "o BCE iria estar lá na segunda vaga de contágio" para apoiar a economia.
Frederik Ducrozet, economista do Pictet, diz através do seu Twitter que esta afirmação de Lagarde poderá significar um aumento do seu programa de compra de ativos (APP) em dezembro, ao mesmo tempo que reforça a sua bazuca de emergência (PEPP).
.@Lagarde: ECB will be looking at "ALL INSTRUMENTS" (emphasis hers). This could be a hint at an expansion in the APP (regular QE) along with a PEPP boost.
— Frederik Ducrozet (@fwred) October 29, 2020
Lagarde relembrou que, depois de o PIB (produto interno bruto) ter caído 11,8% no segundo trimestre deste ano, na Zona Euro, existiu uma recuperação dos dados económicos de seguida. Ainda assim, a nova forte vaga de contágios que atravessa o continente está a atrasar, de novo, a velocidade da recuperação.
Para 2020 como um todo, o BCE aponta para uma queda de 8% do PIB mas, dados os mais recentes avanços da crise sanitária, as previsões atualizadas de dezembro serão bem mais pessimistas.
Mas a presidente garante que tomou "várias medidas para combater o impacto da primeira vaga de infeções de covid-19" e irá também "avaliar novas medidas durante a segunda vaga de contágio". "As atuais medidas tomadas pelos países para contrair a propagação do coronavírus são uma boa medida para medir os riscos a curto prazo que a economia atravessa", refere.
Para dezembro, os analistas apontam um reforço do seu programa de resposta à pandemia, o PEPP, na ordem dos 500 mil milhões de euros, passando para os 1,850 biliões de euros, bem como estender o seu uso até ao final de 2021, do qual ainda faltam gastar 733,14 mil milhões de euros.
"A conferência de hoje do BCE foi invulgarmente clara em sinalizar uma flexibilização iminente da política monetária ou, nas palavras do BCE, uma recalibração dos instrumentos", comenta Ducrozet, numa nota enviada ao Negócios, que acrescenta que "agora, a única questão que resta é saber o tamanho e a composição do pacote de flexibilização a ser anunciado na reunião de 10 de dezembro".