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Lagarde: “O BCE esteve lá na primeira vaga e vai estar outra vez na segunda”

A presidente do Banco Central Europeu alerta que a economia da região está a perder mais fôlego do que o esperado, devido à forte propagação do coronavírus e medidas para o travar.

Os mercados esperam que Christine Lagarde anuncie uma descida das taxas de depósitos do BCE.
Neil Hall/EPA
29 de Outubro de 2020 às 13:44
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Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), mostra-se disponível para continuar a apoiar a economia da Zona Euro, numa altura em a sua recuperação está a perder mais força do que o esperado, devido às medidas que estão a ser tomadas pelos países para restringir a propagação da covid-19, que continua a não dar sinais de abrandar.

Numa conferência após a reunião de política monetária de outubro, Lagarde sinalizou que há uma clara deterioração das previsões atuais do BCE e que a recuperação económica na Zona Euro está a perder fôlego, bem como a confiança dos consumidores e das empresas. Mas frisou que "o BCE iria estar lá na segunda vaga de contágio" para apoiar a economia.

"A nossa equipa está a par de todos os riscos atuais e todos concordamos que é necessário tomar ações e recalibrar os nossos instrumentos no próximo encontro de política monetária, de dezembro", diz Lagarde, na conferência, acrescentando que o Conselho do BCE estaria a avaliar uma recalibragem de todos os instrumentos em vigor, "e não apenas um só instrumento".

Frederik Ducrozet, economista do Pictet, diz através do seu Twitter que esta afirmação de Lagarde poderá significar um aumento do seu programa de compra de ativos (APP) em dezembro, ao mesmo tempo que reforça a sua bazuca de emergência (PEPP).


Lagarde relembrou que, depois de o PIB (produto interno bruto) ter caído 11,8% no segundo trimestre deste ano, na Zona Euro, existiu uma recuperação dos dados económicos de seguida. Ainda assim, a nova forte vaga de contágios que atravessa o continente está a atrasar, de novo, a velocidade da recuperação.

Para 2020 como um todo, o BCE aponta para uma queda de 8% do PIB mas, dados os mais recentes avanços da crise sanitária, as previsões atualizadas de dezembro serão bem mais pessimistas.

Mas a presidente garante que tomou "várias medidas para combater o impacto da primeira vaga de infeções de covid-19" e irá também "avaliar novas medidas durante a segunda vaga de contágio". "As atuais medidas tomadas pelos países para contrair a propagação do coronavírus são uma boa medida para medir os riscos a curto prazo que a economia atravessa", refere.

Para dezembro, os analistas apontam um reforço do seu programa de resposta à pandemia, o PEPP, na ordem dos 500 mil milhões de euros, passando para os 1,850 biliões de euros, bem como estender o seu uso até ao final de 2021, do qual ainda faltam gastar 733,14 mil milhões de euros.



"A conferência de hoje do BCE foi invulgarmente clara em sinalizar uma flexibilização iminente da política monetária ou, nas palavras do BCE, uma recalibração dos instrumentos", comenta Ducrozet, numa nota enviada ao Negócios, que acrescenta que "agora, a única questão que resta é saber o tamanho e a composição do pacote de flexibilização a ser anunciado na reunião de 10 de dezembro".

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