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Trump sondou conselheiros sobre ataque a instalação nuclear iraniana
A dois meses do fim do seu mandato, o Presidente dos EUA, Donald Trump, sondou conselheiros próximos sobre a possibilidade de agir contra uma instalação nuclear iraniana, noticiou hoje o jornal The New York Times.
Durante uma reunião na sala oval da Casa Branca, na quinta-feira passada, Trump pediu a vários conselheiros, incluindo o vice-Presidente, Mike Pence, o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o chefe de Estado-Maior, Mark Milley, a sua opinião sobre a hipótese de agir contra uma instalação nuclear no Irão, tendo sido dissuadido dessa ideia.
De acordo com a edição de hoje do The New York Times, os altos funcionários abordados sobre o assunto "dissuadiram o Presidente de prosseguir com um ataque militar", devido ao risco de que essa ação degenerasse rapidamente para um conflito de larga dimensão.
A questão foi colocada pelo Presidente depois de um relatório da Agência Internacional de Energia Atómica ter informado que o ‘stock’ de urânio enriquecido acumulado por Teerão teria ultrapassado 12 vezes o limite previsto pelo Acordo Nuclear Internacional de Viena (assinado em 2015 e abandonado unilateralmente pelos EUA em 2018).
Segundo o The New York Times, a instalação iraniana que Trump admitia atacar era um complexo nuclear em Natanz, no centro do Irão.
"Pode haver tentativas (de atacar o Irão), mas pessoalmente não prevejo essa situação", disse hoje o porta-voz do Governo iraniano, Ali Rabii, em resposta ao artigo do jornal diário nova-iorquino.
"Não creio que seja possível que queiram aumentar a insegurança no mundo e na região", acrescentou Rabii, esclarecendo que estava a dar uma opinião pessoal e não a manifestar-se oficialmente em nome do Governo de Teerão.
"Mas, em qualquer caso, a nossa resposta curta sempre foi esta: para qualquer ação contra o povo iraniano, haverá uma resposta devastadora", concluiu Rabii, usando uma frase muito utilizada pelas autoridades civis e militares iranianas.
O Irão tem sido alvo preferencial de acusações por parte dos Estados Unidos, que têm intensificado as sanções económicas contra o regime, desde o abandono do acordo nuclear, que levou Teerão a desresponsabilizar-se da maioria dos compromissos assumidos nesse tratado.
Nos últimos anos, os países europeus subscritores do acordo têm procurado salvar o tratado, esperando agora que o Presidente eleito dos EUA, Joe Biden, cumpra a promessa eleitoral de retomar as negociações diplomáticas com Teerão.