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Japão rejeita grandes concessões nas negociações sobre tarifas com os Estados Unidos
Japão é um dos países que vão negociar já esta semana um acordo sobre as tarifas com os Estados Unidos. Mas o primeiro-ministro japonês recusa fazer grandes concessões aos norte-americanos para pôr um fim rápido à guerra comercial. Taxas de câmbio deverão estar também em cima da mesa.
O Japão recusou esta segunda-feira avançar com grandes concessões aos Estados Unidos para pôr um fim rápido à guerra comercial, depois de Donald Trump ter anunciado (e logo depois adiado) uma tarifa de 24% sobre todos os produtos japoneses. O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, diz que quer primeiro perceber os argumentos norte-americanos, antes de fechar um acordo entre as duas partes.
"Não acredito que devamos fazer grandes concessões para concluir as negociações rapidamente", afirmou Shigeru Ishiba, no Parlamento japonês, em antecipação das negociações entre os dois países que arrancam esta quinta-feira em Washington. O Japão é um dos países com os quais os Estados Unidos se predispuseram a negociar já esta semana um acordo sobre as tarifas, a par com a Coreia do Sul e a Índia.
O Japão, um antigo aliado dos Estados Unidos, foi atingido com tarifas "recíprocas" de 24% sobre todos os bens exportados para território norte-americano. Por não ter avançado com contramedidas, os Estados Unidos suspenderam por 90 dias essas tarifas e anunciaram estar dispostos a negociar. Porém, o país não escapou à taxa universal de 10% sobre todos os produtos e a um imposto de 25% sobre os automóveis.
Shigeru Ishiba rejeitou avançar com tarifas sobre os produtos norte-americanos como contramedida para responder ao protecionismo norte-americano e assumiu estar disposto a negociar primeiro. "Ao negociar com os Estados Unidos, precisamos de compreender o que está por detrás dos argumentos de Donald Trump, tanto em termos de lógica como do carácter emocional das suas opiniões", Shigeru Ishiba.
O país reconhece, no entanto, que as tarifas norte-americanas têm potencial para perturbar a ordem económica mundial, da qual o Japão não ficará isento. Os Estados Unidos são o principal destino das exportações japoneses e, por isso, grande parte das empresas nipónicas estão expostas às tarifas de Donald Trump. Nos automóveis, os Estados Unidos são o destino de 28% de todos os carros exportados pelo país.
As negociações entre o Japão e os Estados Unidos devem abranger tarifas, barreiras não tarifárias e taxas de câmbio. Tal acontece porque, além do grande excedente comercial face aos Estados Unidos, o Japão é acusado por Donald Trump de manter intencionalmente um iene fraco, o que permite tornar os seus produtos mais competitivos. Em sentido contrário, um iene forte prejudica a economia japonesa, que depende das exportações.
O ministro da Economia, Ryosei Akazawa, vai liderar a delegação do Japão que vai negociar um eventual acordo sobre tarifas com a Casa Branca. Shigeru Ishiba disse ainda que o Governo não está para já a pensar avançar com um orçamento suplementar, mas advertiu que o país está pronto a agir "em tempo útil" para amortecer qualquer choque económico provocado pelas tarifas.