Notícia
Financiamento do FMI a países em dificuldades bate máximos
Análise do Financial Times mostra que linhas de crédito a economias em dificuldades ascendem a 144 mil milhões de dólares, divididos por 44 programas.
O financiamento do Fundo Monetário Internacional a países em situações de graves dificuldades económicas disparou para um valor recorde. Com os juros a empurrarem o financiamento para valores mais elevados, o FMI está a ser chamado mais vezes a ser o financiador de último recurso.
Os dados são do Financial Times, que olhou para os programas daquele organismo e concluiu que, no final de agosto, o montante cedido a título de empréstimo ascendia a um total de 140 biliões de dólares, bem acima do total de 2020 e 2021. O número deverá crescer até ao final do ano, já que há mais programas de assistência a serem negociados pelo FMI.
São cinco os países que entraram em default nos últimos dois anos, sendo que o número de economias em dificuldades tem vindo a aumentar, face ao impacto do conflito na Ucrânia e a maiores custos de financiamento.
A Zâmbia e o Sri Lanka entraram em insolvência durante a pandemia e estão, a par do Líbano, Rússia e Suriname, numa situação de "default". Os dois países estão por isso, nesta fase, em negociações com o FMI para reestruturarem as suas dívidas. Gana, Egito e Tunísia estão também em conversas iniciais com o organismo de Washington para um apoio financeiro semelhante.
Além disso, o FMI aprovou no final de Agosto um pacote de resgate para o Paquistão no valor de de 1,1 mil milhões de dólares e a Argentina está prestes a receber 3,9 mil milhões de euros de empréstimo do seu pacote de resgate total de 41 mil milhões.
A política monetária seguida pelos bancos centrais tem desencadeado um agravamento dos custos de financiamento, sendo que a maioria dos economistas aponta para os riscos de uma recessão global. Um cenário que empurrará mais países para situações de graves dificuldades financeiras.
Segundo o Financial Times, há também já vários analistas que a capacidade de empréstimo do FMI poderá em breve chegar ao limite, já que os países pobres que estão bloqueados no mercado internacional de dívida serão forçados a recorrer ao fundo para obter acesso a liquidez.