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Fundos abutres 'sobrevoam' Argentina à espera da hora de comprar

O “sell-off” de vendas na Argentina é tão grande que, em breve, poderá atrair investidores em dívida com elevado risco de incumprimento, apostando que conseguem realizar ganhos numa reestruturação.

Bloomberg
04 de Setembro de 2019 às 15:00
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Com os títulos de dívida no mercado externo a serem negociados a 38 cêntimos de dólar, os fundos abutres provavelmente ainda estão longe de atacar. Firmas como Morgan Stanley e Merian Global Investors acreditam que investidores com forte apetite por risco apareçam quando os preços estiverem próximos de 30 cêntimos.

 

"O mercado vai cair ainda mais, e investidores em dívida com elevado risco [de incumprimento] entrarão nalgum momento, mesmo com a incerteza", afirmou Alain Nydegger, gestor na Pala Assets, na Suíça, que tem foco em dívidas de mercados emergentes.

 

Menos de cinco anos depois de fechar um acordo com credores que rejeitaram a reestruturação após um incumprimento recorde em 2001, a Argentina parece novamente um bom alvo para fundos especializados em lucrar com ativos com elevado risco. Depois de uma onda vendedora causada pela derrota do presidente Mauricio Macri nas eleições primárias para o candidato da oposição, Alberto Fernández, o governo anunciou no domingo que vai impor controlos de capital como medida de emergência para travar a desvalorização do peso.

 

Gestores de recursos e analistas diziam que investidores provavelmente recuperariam de 30 cêntimos a 40 cêntimos de dólar em títulos internacionais da Argentina se o país optar por uma reestruturação. Por enquanto, o governo disse que planeia adiar pagamentos de até 101 mil milhões de dólares em dívidas.

 

Os títulos a 100 anos da Argentina, que estão entre os mais negociados, caíram na terça-feira para 37,7 cêntimos de dólar. Os títulos denominados em dólar com vencimento em 2048 eram negociados a um preço semelhante, enquanto os títulos em euros com vencimento em 2028 e 2038 estavam um pouco abaixo, próximos a 35 cêntimos de dólar.

 

Investidores de dívida com elevado risco provavelmente vão esperar até que os títulos argentinos estejam bem abaixo dos valores de recuperação esperados antes de comprar, salientou Eric Baurmeister, que ajuda a gerir 12 mil milhões de dólares em dívidas de mercados emergentes no Morgan Stanley Investment Management, em Nova Iorque. Os preços podem cair para 20 cêntimos de dólar ou menos, afirmou em entrevista.

 

Os ativos e as reservas internacionais da Argentina estão em queda desde as eleições primárias de 11 de agosto. Investidores, preocupados com o facto de que um governo liderado por Fernández priorize gastos sociais em detrimento do orçamento, levaram o peso a uma desvalorização de 19% desde as primárias, enquanto as reservas caíram em 13 mil milhões de dólares, ou quase 20%, para 53,1 mil milhões de dólares.

 

Delphine Arrighi, gestora de portefólio da Merian Global Investors, com sede em Londres, também citou o nível de 30 cêntimos de dólar como potencialmente atraente para alguns investidores. Isto, no entanto, dependerá dos sinais das políticas a serem adotadas pelo novo governo, considerou.

 

(Texto original: Vulture Funds Circle Argentina, Waiting for Moment to Buy)

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