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Alarmes voltam a soar na Argentina: probabilidade de incumprimento está acima dos 60%
As taxas de juro da Argentina estão a subir para níveis preocupantes e o peso está a deslizar, numa altura em que o fantasma do incumprimento volta a assombrar o país.
O mercado bolsista da Argentina está a passar por um novo período conturbado. As taxas de juro implícitas na dívida estão a disparar e o peso está a deslizar. Motivo? A probabilidade de o país voltar a falhar o pagamento de empréstimos aumentou, devido aos receios de que o atual presidente não consiga ser reeleito nas eleições legislativas, agendadas para outubro.
Mauricio Macri (na foto) foi eleito há cerca de três anos e implementou um plano de recuperação da economia, tendo recorrido no ano passado ao Fundo Monetário Internacional (FMI), pedindo um empréstimo para evitar uma crise financeira. Contudo, os dados não são animadores. O produto interno bruto (PIB) da Argentina voltou a contrair, tendo mesmo entrado em recessão, e a inflação voltou a disparar para níveis que superam os 50%. Já o peso está a afundar 18% este ano. Isto, num período em que o banco central subiu os juros, que se encontram nos 68%.
E é este contexto que está a fazer mexer as intenções de voto. As últimas sondagens revelam que Macri e Cristina Fernandez de Kirchner estão muito próximos nas intenções de voto. A taxa de aprovação de Macri ronda os 30%, enquanto Kirchner está numa rota ascendente e a sua taxa de aprovação já está nos 36%.
Este ambiente está a elevar os receios de que Kirchner volte a vencer as eleições na Argentina e que as contas públicas do país se desequilibrem mais. De recordar que, em 2014, a Argentina entrou no quinto incumprimento da sua história.
As taxas de juro implícitas da dívida com maturidade em 2021 estão a negociar acima dos 19%, muito próximo dos 20%, um nível considerado pelos analistas como de stress. O peso está a negociar nos 46,2 dólares, tendo tocado nos 45,78 dólares, o que corresponde ao valor mais baixo de sempre.
A probabilidade implícita de um incumprimento nos próximos cinco anos disparou para 61%, segundo a Bloomberg, que cita os "swaps" de crédito negociados no mercado. Há um ano, segundo a mesma agência, a probabilidade estava nos 23%.
Os investidores estão assim a refletir de forma intensa os seus receios nos mercados bolsistas. Ainda que faltem seis meses para o ato eleitoral.