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Ex-administrador financeiro da Sonangol acusa justiça portuguesa de agir de forma "injustificada"

Sarju Raikundalia afirma que a decisão de congelar as suas contas bancárias lhe tira "qualquer meio de suportar as despesas essenciais" à sua própria subsistência, assim como da sua família.

22 de Março de 2020 às 15:00
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Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da Sonangol, diz que a Procuradoria-Geral da República de Angola está a agir de "má fé" e diz que a decisão da justiça portuguesa de lhe congelar todas as contas bancárias a 21 de janeiro de 2020, no âmbito do chamado "Luanda Leaks", é "abusiva, excessiva e injustificada".

Sarju Raikundalia, braço direito de Isabel dos Santos na petrolífera, é suspeito de ter ordenado uma transferência - com a concordância da filha do ex-presidente - de cerca de 38,1 milhões de dólares para a Matter Business, com sede no Dubai.

Numa carta enviada ao Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro e ministra da Justiça,  a que o Negócios teve acesso afirma que, face a esta situação, não dispõe de  "qualquer meio de suportar as despesas essenciais"  à sua subsistência, assim como à dos filhos e mãe, todos eles a seu cargo.

"Desde o dia 29 de janeiro, enviei requerimentos sucessivos ao Ministério Público e ao Tribunal de Instrução Criminal, os quais nunca tiveram qualquer resposta. De facto, apesar de me ter disponibilizado para contribuir para a descoberta da verdade, nem tão pouco fui notificado para tal no âmbito desses processos que, só para mim, parecem ser secretos (pois a sua tramitação e conteúdo são divulgados na comunicação social). Mas não só, pois apesar de também ter peticionado que fossem autorizados os movimentos por conta dos meus salários depositados nas contas bloqueadas para pagamento, por exemplo, de crédito hipotecário, de alimentos (meus e dos meus filhos), da mensalidade da escola, não obtive qualquer resposta", afirma Sarju Raikundalia na referida missiva.

O ex-administrador financeiro da Sonangol, que ocupou o cargo durante o período em que Isabel dos Santos liderou a petrolífera, sustenta que entregou à justiça portuguesa toda a documentação necessária à justificação dos seus rendimentos.

"Importará reter que nesses requerimentos, e mesmo sem que para tal fosse solicitado, entreguei a documentação demonstrativa da origem legal de todos os rendimentos que obtive desde o ano de 2012 até hoje (são esses os fundos que estão bloqueados ou arrestados demonstrando a origem dos mesmos, todos eles fruto do meu árduo trabalho, com todos os impostos pagos, seja em Portugal, seja em Angola", alega o gestor.

Sarju Raikundalia também aponta o dedo acusador à PGR angolana e à sua congénere portuguesa. Segundo o próprio "é patente a má fé subjacente à forma como o PGR de Angola está a conduzir este noticiado processo. Infelizmente, tais falsidades, a que a imprensa deu eco acrítico, parecem ter sido suficientes para convencer a Procuradoria Geral da República portuguesa a executar o plano traçado por Angola (desta vez, e inversamente, sem qualquer irritante como noutros casos)".

"Sendo português, e desconhecendo até este ano o modo de funcionamento da Justiça, nunca pude imaginar que fosse assim que a Justiça do meu País tratava os seus cidadãos perseguidos por mentiras arquitetadas por forças políticas de um outro país, sem que haja a devida verificação e ceticismo que a situação exige", acrescenta.

Sarju Raikundalia sustenta que sempre se regeu "pelos mais altos padrões de integridade e comportamento ético, transparência e profissionalismo" e garante que irá desencadear ações em defesa do seu bom nome. "Face a esta atuação da Justiça Portuguesa – de esmagamento e estrangulamento financeiro pessoal – não deixarei de usar todos os mecanismos legais para responsabilizar quem assim violou os meus Direitos Fundamentais. O mesmo farei quanto ao julgamento em praça pública que tem vindo a ser feito, em prejuízo da minha honra, o qual é da exclusiva responsabilidade das autoridades portuguesas, posto que nem eu nem os meus advogados tivemos acesso aos processos cuja tramitação é conhecida dos jornalistas".

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