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Goldman corta estimativas para a Zona Euro e mostra preocupação com Espanha e França
Os economistas do banco norte-americano veem a Zona Euro a avançar a várias velocidades, com o desempenho da Alemanha a superar o resto da região, e Espanha pior do que Itália.
Os economistas do Goldman Sachs estão mais pessimistas em relação às perspetivas de recuperação da Zona Euro e cortaram o seu "outlook" para o PIB da região no quarto trimestre de 2020 e início de 2021.
Para os últimos três meses deste ano, o banco norte-americano espera agora um crescimento do PIB em cadeia de 2,2%, quando a anterior previsão apontava para uma subida de 3,6%. Já para o primeiro trimestre de 2021, a estimativa passou de 1,9% para 1,6%.
Numa nota de análise divulgada esta segunda-feira, o Goldman Sachs mostra-se particularmente preocupado com a evolução da economia em Espanha e França, onde o aumento do número de infeções por covid-19 obrigou a novas medidas de confinamento. As restrições, por sua vez, provocaram um forte abrandamento na recuperação dos serviços, o que explica, em grande medida, o corte nas previsões.
"Depois da subida acentuada de maio a julho, a recuperação da Zona Euro perdeu ímpeto ao longo do verão. Ainda que o setor industrial tenha continuado a recuperar rapidamente, a atividade dos serviços desacelerou notavelmente em toda a área do euro", indicam os economistas. "Olhando para os países, a perda de ímpeto foi particularmente pronunciada em Espanha".
O país vizinho recolhe as estimativas mais pessimistas do Goldman Sachs (com uma contração esperada de 13,3% em 2020) que vê a recuperação na região da moeda única a várias velocidades. Enquanto a Alemanha deverá "superar" o resto da Zona Euro, com uma contração esperada do PIB de 5,3% este ano, Espanha e França são alvo de uma degradação das estimativas, enquanto Itália mantém o seu outlook pouco alterado, com uma previsão de quebra do PIB de 10,3%.
"Mantemos a visão de que a Alemanha terá um desempenho superior ao resto da Zona Euro, dado o controlo do vírus comparativamente bem-sucedido e a dependência da atividade industrial, que deve continuar a ter um bom desempenho. As nossas revisões para Itália também são modestas, dado um aumento limitado de casos até agora, vínculos comerciais estreitos com a Alemanha e pouco risco de tensões políticas de curto prazo", afirmam os economistas.
"Mas revemos o perfil de crescimento de curto prazo, principalmente para Espanha e França, onde o fluxo de dados se deteriorou mais rapidamente. Esta divergência leste-oeste nas perspetivas económicas - e o desempenho inferior de Espanha em relação a Itália, em particular - é um aspeto importante da revisão das nossas previsões", concluem.
Apesar deste corte, o Goldman Sach garante que mantém uma "visão construtiva" da Zona Euro nos próximos 1-2 anos, prevendo um crescimento do PIB de 6,7% no próximo ano, acima do consenso do mercado (5,5%).
"Uma das principais razões é que acreditamos que a Europa continua bem posicionada para conter o vírus a custos económicos limitados, apesar do recente aumento de casos", sustentam. "E esperamos que pelo menos uma vacina seja aprovada até ao final do ano, com distribuição em massa pela Europa a partir de meados de 2021, o que impulsionaria substancialmente o crescimento na segunda metade de 2021".