O ministro alemão das Finanças defende que a decisão dos britânicos de abandonar a União Europeia tem de ser respeitada. Porém, se o Reino Unido voltasse atrás e chegasse à conclusão que já não queria sair do bloco regional, as portas da UE estariam "abertas".

"Não é útil" especular sobre esse assunto, afirmou Wolfgang Schäuble, em entrevista à Bloomberg. "Aceitamos com respeito. Mas se quisessem mudar a sua decisão, naturalmente, encontrariam as portas abertas".

Ainda assim, o governante admite que "é pouco provável" o Reino Unido desistir do Brexit, e sublinha que cabe ao Governo do país "tomar as suas próprias decisões" a esse respeito.

O ministro das Finanças britânico "Philip Hammond e eu próprio concordámos desde o primeiro dia que o Brexit é uma decisão que temos de aceitar", reiterou. "Mas vamos minimizar os danos potenciais e maximizar os benefícios mútuos".

Na mesma entrevista, o ministro das Finanças da Alemanha alertou para o risco de "desastre económico" se houver partilha de riscos na Zona Euro sem mecanismos comuns de tomada de decisões.

"Se temos riscos comuns sem decisões comuns, é a construção errada e acabaremos num desastre económico", concretizou Schäuble. A partilha de riscos só é possível "se tivermos os instrumentos para implementar decisões comuns".

O governante afirmou que, depois da vitória de Emmanuel Macron nas eleições presidenciais em França, a Europa tem uma "boa oportunidade" de avançar com as reformas institucionais, e que a Alemanha vai trabalhar com ele para tornar o processo de tomada de decisões na União Europeia mais "dinâmico".

A propósito da moeda única, o governante apelou aos bancos centrais para que dêem início ao processo de normalização da política monetária.

"A Reserva Federal já começou este processo e mesmo o BCE já fez comunicações que denotam que, no médio prazo, vão pensar nessa direcção", sublinhou o governante, acrescenta que "não é fácil para o BCE, com o devido respeito".

A dois dias do encontro dos ministros das Finanças da Zona Euro para discutir os progressos feitos pela Grécia no cumprimento dos termos do resgate, o ministro das Finanças admitiu que espera um acordo. "Vamos lá chegar na quinta-feira, vão ver", atirou.