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Rússia diz querer resolução “imediata e duradoura”
Sergei Lavrov atirou as responsabilidades da guerra para o Ocidente, que, segundo o diplomata russo, quer “manter as posições financeiras e políticas”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov (na foto), defendeu ontem uma resolução “duradoura e imediata” do conflito na Ucrânia e acusou o Ocidente de querer “manter as posições financeiras e políticas”.
“Estamos agradecidos à parte brasileira pela contribuição para a solução desse conflito que precisamos resolver de forma duradoura e imediata”, afirmou o responsável russo, durante uma conferência de imprensa, sem direito a perguntas, em Brasília, no Palácio Itamaraty, ao lado do seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira.
Sergei Lavrov atirou ainda as responsabilidades da guerra para o Ocidente, que, segundo o diplomata russo, quer “manter as posições financeiras e políticas”. “Isso motivou a situação que temos hoje, inclusive em relação à NATO, à comunidade europeia e à Ucrânia”, afirmou, segundo a tradução simultânea em português.
O Brasil foi a primeira paragem de Lavrov numa digressão que, nos próximos dias, o levará também à Venezuela, Cuba e Nicarágua, três países que mantêm relações económicas e políticas intensas com a Rússia.
Após o encontro com Mauro Vieira, Lavrov econtrou-se com o presidente brasileiro, Lula da Silva, na sua residência oficial em Brasília para um encontro privado.
O presidente brasileiro, nas vésperas de visitar Portugal, criou polémica ao acusar os Estados Unidos e a União Europeia de serem responsáveis pelo prolongamento da guerra na Ucrânia. Lula da Silva estará em Portugal de 22 a 25 de abril e esta sua declaração criou fortes anticorpos políticos verbalizados pelo Chega, Iniciativa Liberal e o PSD.
O ministro dos Negócios estrangeiros português tentou ontem esvaziar a controvérsia, considerando que as posições do presidente do Brasil sobre o conflito não embaraçam o nosso país. “Não é embaraço nenhum. Como é que nós podemos estar embaraçados com aquilo que são as posições dos outros? Poderíamos estar embaraçados com as nossas próprias posições. Mas as nossas posições são claras”, disse João Gomes Cravinho, acrescentando que as declarações do chefe de Estado Brasileiro não são surpresa.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.