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EUA dizem que Rússia deve parar com detenções para fins de influência política

A detenção do jornalista - o primeiro profissional da comunicação social americano a ser detido em solo russo desde o fim da Guerra Fria - ocorreu dias depois de o jornal norte-americano ter publicado um artigo da sua autoria sob o título "A economia russa está a começar a desmoronar-se".

Dumitru Doru/Reuters
Lusa 29 de Março de 2024 às 16:15
Washington afirmou esta sexta-feira que a Rússia deve "pôr fim à sua prática de detenção para fins de influência política", no dia em que se assinala o primeiro aniversário da prisão do jornalista Evan Gershkovich, correspondente do Wall Street Journal.

Gershkovich foi detido em 29 de março de 2023 na cidade de Yekaterinburg e, posteriormente, acusado de recolher informações secretas sobre as atividades do Grupo Wagner, envolvido na ofensiva militar na Ucrânia, devendo permanecer em prisão preventiva até, pelo menos, 30 de junho.

A detenção do jornalista - o primeiro profissional da comunicação social americano a ser detido em solo russo desde o fim da Guerra Fria - ocorreu dias depois de o jornal norte-americano ter publicado um artigo da sua autoria sob o título "A economia russa está a começar a desmoronar-se".

"As pessoas não são moedas de troca. A Rússia deveria pôr fim à sua prática de detenção arbitrária de pessoas para fins de influência política e deveria libertar imediatamente Evan [Gershkovich] e Paul [Whelan]", ex-fuzileiro detido há mais de cinco anos, alertou o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.

De acordo com Blinken, os Estados Unidos estão empenhados "em trazer Evan e Paul para casa", indicando que a Rússia "não forneceu provas suficientes", neste caso, contra o jornalista, porque "não fez nada de errado" e o "jornalismo não é crime".

"No ano que se seguiu à detenção injusta de Evan, o já limitado panorama mediático russo tornou-se mais opressivo, com um ataque continuou contra vozes independentes, visando qualquer forma de dissidência", sustentou.

Numa nota, o Wall Street Journal lembrou hoje o jornalista como um "repórter talentoso" e que já passou da hora para que regressasse a casa.

"O mundo mudou dramaticamente no ano passado. Durante esse tempo, o mundo para o nosso colega Evan Gershkovich tem sido o interior de uma pequena cela numa notória prisão de Moscovo, onde aguarda julgamento por uma acusação falsa", observou jornal norte-americano.

Evan foi detido pelos serviços de segurança russos em 29 de março de 2023, enquanto reportava para o Wall Street Journal, em Yekaterinburg, como jornalista credenciado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

"Na Rússia de Vladimir Putin, a procura de um jornalismo independente e a recolha de factos fiáveis -- as marcas daquilo que defendemos -- são consideradas um crime. Evan é acusado de espionagem, o que (...) negamos veementemente", referiu.

O Wall Street Journal considerou ainda a detenção do repórter "um ataque flagrante aos direitos da imprensa livre" e um exemplo das ameaças que os órgãos de comunicação social enfrentam, "num ambiente que se tornou cada vez mais perigoso para os jornalistas que se colocam na linha da frente".

"É um lembrete dos perigos que os jornalistas enfrentam em todo o mundo à medida que prosseguem a sua missão essencial. E isso dá-nos energia para continuar o esforço para garantir que este seja o último marco que Evan passa na prisão", concluiu.

O Presidente russo, Vladimir Putin, admitiu em fevereiro, numa entrevista ao jornalista norte-americano Tucker Carlson, a possibilidade de libertar Gershkovich, desde que observasse "passos recíprocos" por parte das autoridades norte-americanas.

Washington e Moscovo já acordaram várias trocas de prisioneiros no passado.
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