Notícia
Rússia lança ultimato de rendição a Mariupol. Turquia fala em avanços, mas EUA questionam vontade de Moscovo de acabar com a guerra
Acompanhe aqui o desenrolar do conflito na Ucrânia.
Ações russas em Mariupol são "um capítulo da II Guerra Mundial"
Oleg Nikolenko, porta-voz do Ministério ucraniano dos Negócios Estrangeiros, chamou às ações da Rússia na cidade sitiada de Mariupol, no sul do país, "um capítulo da Segunda Guerra Mundial".
"Primeiro, chegaram para destruir as cidades, bombardear os hospitais, teatros, escolas e abrigos, matando civis e crianças. Depois obrigaram as pessoas assustadas e exaustas a ser relocalizadas em terras do invasar. Falo de mais um capítulo da Segunda Guerra Mundial? Não – são as ações do exército russo, hoje, em Mariupol", escreveu Nikolenko, citado pela CNN.
A câmara municipal de Mariupol disse no sábado que os residentes estão a ser levados para a Rússia, contra sua vontade, pelas forças invasoras – acusações essas que a Rússia disse não serem verdadeiras.
Segundo a agência noticiosa estatal russa RIA Novosti, o coronel-general Mikhail Mizintsev disse que perto de 60.000 habitantes de Mariupol "sentem-se em completa segurança na Rússia".
First they came to destroy the cities, bombing hospitals, theaters, schools and shelters, killing civilians and children. Then they forcibly relocated the scared, exhausted people to the invader’s land. A chapter from WWII? No – the actions of the Russian army, today in Mariupol.
— Oleg Nikolenko (@OlegNikolenko_) March 20, 2022
Um morto em Kiev depois de bombardeamento em zona residencial e comercial
Uma pessoa morreu depois de um bombardeamento que atingiu uma zona residencial e comercial no bairro de Podilski, em Kiev, segundo o presidente da câmara da capital ucraniana, citado pela Bloomberg.
"Pelas informações de que dispomos neste momento, várias casas e um dos centros comerciais daquela zona foram atingidos", declarou Vitali Klitschko numa mensagem na rede social Telegram.
Klitschko e o departamento de polícia de Kiev partilharam imagens das explosões.
Rússia faz ultimato a Mariupol
Os militares russos lançaram um ultimato para que Mariupol, a sitiada cidade no sul da Ucrânia, se renda, segundo o Centro Nacional de Controlo da Defesa da Federação Russa, citado pela agência Tass.
O coronel-general Mikhail Mizintsev disse que todas as unidades armadas ucranianas têm de sair de Mariupol entre as 9:00 e as 11:00 de segunda-feira (hora local – atualmente mais duas horas do que em Lisboa).
A partir dessa hora, quaiquer combatentes que ainda permaneçam enfrentarão um tribunal militar, acrescentou.
Segundo a Bloomberg, Mizintsev declarou ainda que os comboios humanitários entregarão alimentos, medicamentos e outros bens essenciais à cidade.
O coronel-general disse que exigiu uma resposta do Governo ucraniano até às 4:00 de Kiev (duas da manhã em Lisboa), não tenho ainda havido reação.
A paz continua a ser uma luz muito ao fundo do túnel
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia diz que há convergência nas posições da Rússia e Ucrânia sobre questões importantes. Volodymyr Zelensky insiste que está pronto para conversar com Vladimir Putin, mas o ex-presidente ucraniano, Petro Poroshenkoo, classifica as negociações entre Kiev e Moscovo como "uma treta".
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Zelensky insta Israel a fazer escolha face a agressão da Rússia
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu este domingo a Israel que "faça uma escolha" e apoie o seu país perante a agressão militar da Rússia.
"A Ucrânia fez a sua escolha há 80 anos e temos entre nós os Justos que esconderam judeus, é hora de Israel fazer a sua escolha (...), a indiferença mata", disse Zelensky, jogando com as suas próprias raízes judaicas, num discurso em ucraniano traduzido para hebraico.
Volodomyr Zelensky, que falava por videoconferência numa sessão extraordinária do Knesset (parlamento israelita), evocou na sua intervenção a Segunda Guerra Mundial e o horror do Holocausto para reclamar um apoio mais firme do estado hebraico à Ucrânia e evitar a "solução final" da Rússia.
"Escutem o que diz o Kremlin. São as mesmas palavras, a mesma terminologia que os nazis usaram contra vós. É uma tragédia", apelou Zelenski, de origem judaica, a 112 dos 120 parlamentares que compõem o Knesset, atualmente de férias.
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Em Kherson continua a resistir-se
A resistência prossegue. Em Kherson, cidade do sul da Ucrânia ocupada pelos russos, um tanque do exército de Moscovo teve de recuar perante os protestos por parte dos habitantes locais, refere o The Guardian, mostrando os vídeos da Euromaidan Press.
Another video from today's anti-occupation protest in Kherson shows a Russian truck retreating as some protesters are approaching it.
— Euromaidan Press (@EuromaidanPress) March 20, 2022
@ukrpravda_newspic.twitter.com/yiimYP6LRX
EUA questionam vontade russa de negociar fim da guerra
A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, questionou hoje a vontade do governo russo de chegar a um acordo com a Ucrânia para cessar a invasão militar em território ucraniano.
"As negociações parecem ser unilaterais. Os russos não se posicionaram em favor de qualquer possibilidade de uma solução negociada e diplomática", afirmou Thomas-Greenfield numa entrevista à estação televisiva CNN.
A representante dos EUA nas Nações Unidas disse que o seu país apoia as tentativas de Kiev de negociar para pôr fim ao conflito, mas reforçou que Moscovo não está a responder adequadamente, como também não o fez durante as conversas com Washington antes de iniciar a invasão.
Questionada sobre as cedências possíveis do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a embaixadora norte-americana disse que é algo que cabe aos ucranianos decidir e assegurou que os EUA apoiam os seus esforços, sem querer antecipar se a administração de Joe Biden estará disposta a, por exemplo, reconhecer a soberania russa sobre a Crimeia ou a independência das autoproclamadas repúblicas separatistas de Donbass.
Por outro lado, considerou muito preocupantes as denúncias sobre supostas deportações para a Rússia de civis da cidade ucraniana de Mariupol, cercada pelas forças de Moscovo, mas referiu que Washington não pode por enquanto confirmar essa situação.
"É inconcebível que a Rússia obrigue cidadãos ucranianos a entrar na Rússia e os coloque no que serão basicamente campos de concentração ou de prisioneiros. Isso é algo que precisamos verificar. A Rússia não deveria transferir cidadãos ucranianos contra a sua vontade para a Rússia", apontou a representante dos Estados Unidos.
Sábado
Papa pede compromisso para acabar com "guerra repugnante"
O Papa Francisco pediu hoje à comunidade internacional que se comprometa com acabar com a guerra na Ucrânia, após a invasão da Rússia, que classificou como "repugnante" e um "massacre sem sentido".
Zelensky descarta reconhecer independência do Donbass exigida pelo Kremlin
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, descartou hoje reconhecer a independência dos territórios da região do Donbass e a soberania russa sobre a Crimeia.
Em entrevista à CNN, Volodymyr Zelensky afirmou que não assumirá "nenhum compromisso que afete a integridade territorial e a soberania" da Ucrânia.
As negociações em curso entre Kiev e Moscovo sobre a guerra incluem o estatuto da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e dos territórios separatistas de Donetsk e Lugansk, na região ucraniana do Donbass, cuja declaração unilateral de independência foi reconhecida pelo presidente russo, Vladimir Putin.
"Temos que aproveitar todas as oportunidades para negociar e conversar com Putin. Se essas tentativas falharem, isso significará a terceira guerra mundial", afirmou Zelensky sobre as negociações que ambos os países mantiveram na Bielorrússia.
Contudo, Zelensky referiu que "como presidente e cidadão" não pode reconhecer a independência dos territórios ucranianos.
Sábado
Refugiados ucranianos que trabalham com criptos encontram segurança em Portugal
Maria Yarotska conduziu durante seis dias pela Europa, num Fiat, com a sua mãe, filha e cão, para fugir à guerra na Ucrânia. Terminou a sua viagem em Lisboa e, ao contrário de milhares de refugiados que fizeram esta viagem de cerca de 4.000 quilómetros para chegarem ao país mais a ocidente da Europa, ela será capaz de manter o seu emprego, conta a agência Bloomberg.
E isto porque a entidade empregadora de Maria – o Near Protocol, um promissor projeto blockchain – está a aumentar a sua presença em Portugal e converteu-se num apoiante dos refugiados que estão a fugir da guerra.
O protocolo usado pela Near visa incentivar uma rede de computadores a operar uma plataforma para programadores criarem e lançarem aplicações descentralizadas (dApps). O projeto central do protocolo Near é o conceito de fragmentação, um processo que visa dividir a infraestrutura da rede em diversos segmentos para que os computadores, também conhecidos como nodes, tenham que lidar apenas com uma fração das transações da rede, explica o Guia do Investidor.
"Tenho muitos colegas aqui", disse Maria, de 35 anos, numa entrevista telefónica à Bloomberg, a partir de Lisboa – a cidade onde estava alojada a pensar que seria por pouco tempo, mas que entretanto se vislumbra como um projeto de fixação a mais a longo prazo ao ter-lhe sido disponibilizado um espaço onde ficar de forma permanente. "Estão a ajudar-me a legalizar os meus documentos, por isso posso ficar", contou.
Tal como muitos outros países europeus que estão a acolher refugiados ucranianos, Portugal está a absorver muitas pessoas que fogem da guerra. "Mas quem trabalhava com criptos na Ucrânia – país que se tinha tornado um pólo de negócios – poderá descobrir que é mais simples começar de novo em Portugal do que noutros países europeus", sublinha a Bloomberg.
Um dos motivos está no facto de Portugal estar já a transformar-se num hub para quem trabalha com criptos, uma vez que não tributa os ganhos com moedas digitais, além de ter preços razoáveis de alojamento e temperaturas amenas. Tudo isto, salienta a agência, se conjuga para atrair para Portugal os adeptos das criptomoedas.
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A guerra é um começo na maternidade subterrânea de Jitomir
Desde o início da invasão russa e dos bombardeamentos nas imediações do Centro Neo-Natal de Jitomir, na Ucrânia central, nasceram 55 bebés nas caves desta unidade, outros sete estão quase, um deles já hoje, e nenhum se perdeu.
A invasão começou no dia 24 de fevereiro e, menos de uma semana depois, na madrugada de 2 de março, um bombardeamento aéreo no quarteirão vizinho arrancou as janelas da ala oeste da maternidade. As grávidas e recém-nascidos já tinham sido transferidos para o piso menos um.
"Nesse dia, nasceram três crianças prematuras", recorda Iryna, uma das enfermeiras que se encontrava de turno na madrugada do raide aéreo, enquanto presta assistência a Yulia, 33 anos, e ao seu segundo filho, Maxim, nascido há dois dias com 32 semanas de gestação.
Logo que começou a receber chamadas sobre o bombardeamento - que arrasou um quarteirão de casas frágeis e um mercado informal, junto das instalações de uma unidade de forças especiais ucranianas, matando pelo menos quatro civis -, Maryna Tyschenko, 56 anos, diretora adjunta do Cento Pré-Natal, correu para a unidade.
Afinal, no primeiro dia da invasão, o aeroporto de Jitomir já tinha sido atingido por ataques russos, no mesmo instante em que decorriam duas operações cirúrgicas na maternidade e que eram impossíveis de interromper sem colocar em risco as vidas de mães e bebés.
A ala subterrânea da maternidade começou a ser preparada logo nesse dia 1 de guerra. Todos os pisos foram encerrados, exceto a cave e o primeiro andar, ao mesmo tempo que se reparavam janelas e outros estragos e várias grávidas eram transferidas para outras unidades de saúde desta cidade situada a cerca de 150 quilómetros a oeste da capital, Kiev.
"Desde 8 de março, temos tudo a funcionar normalmente", assegura a responsável, indicando o caminho por uma discreta porta metálica, numa ala lateral do edifício, que, em dois pares de degraus, dá acesso à nova maternidade subterrânea de Jitomir.
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Rússia volta a usar mísseis hipersónicos
No 25.º dia de conflito militar na Ucrânia, a ofensiva russa voltou a usar mísseis hipersónicos, pelo segundo dia consecutivo, para destruir uma reserva de combustível do exército ucraniano no sul do país.
A Rússia disse que estes mísseis que está a usar têm um alcance de até dois mil quilómetros e voam a 10 vezes mais rapidamente que a velocidade do som.
"Uma grande reserva de combustível foi destruída por mísseis Kalibr, disparados do Mar Cáspio, bem como mísseis balísticos hipersónicos disparados pelo sistema aeronáutico Kinjal do espaço aéreo da Crimeia", disse o Ministério russo da Defesa num comunicado citado pela agência francesa AFP.
O ministério acrescentou que o ataque ocorreu na região de Mykolayiv e referiu que o alvo destruído foi "a principal fonte de combustível para os veículos blindados ucranianos" colocados no sul do país.
O míssil balístico hipersónico Kinjal ("punhal", em russo) pertence a uma família de novas armas desenvolvidas pela Rússia.
União Europeia condena sequestro de jornalistas e funcionários ucranianos por tropas russas
A União Europeia condenou hoje, "com a maior firmeza possível", as detenções e sequestros de jornalistas, ativistas da sociedade civil, funcionários locais e outros civis na Ucrânia, por parte das tropas de ocupação russas e os seus representantes.
"A União Europeia condena com a maior firmeza possível o comportamento das tropas russas de ocupação e os seus representantes, que estão a deter, sequestrar e raptar jornalistas ucranianos, ativistas da sociedade civil, funcionários locais e outros civis nos territórios ucranianos que se encontram temporariamente sob o controlo ilegal e ilegítimo das forças armadas russas", disse Peter Stano, porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, em comunicado.
De acordo com a agência de notícias Efe, Peter Stano insistiu que "estes preocupantes acontecimentos" tendem a afetar os voluntários que tentam ajudar as suas comunidades com alimentos, medicamentos e água, assim como jornalistas "que expõem a verdade sobre as ocorrências no terreno".
Entre os casos mais preocupantes está o de Oleg Baturin, responsável do jornal e canal de televisão Novy Den, e o da jornalista Victoria Roshchyna, da plataforma Hromadske, assim como os ativistas Olha Haisumova e Serhii Tsyhipa, desaparecidos nos últimos dias e semanas, indicou o porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa.
"Os ocupantes russos continuam com a sua deplorável tática de sequestrar representantes das administrações municipais e regionais", acrescentou Peter Stano.
Enfrentam esta situação de sequestro, por exemplo, o presidente da Câmara de Dniprorudny, Yevgen Matveyev; o presidente do Conselho Distrital de Melitopol, Sergii Pryima; a presidente da autarquia de Ivankiv, Tetiana Svyrydenko; o chefe ajunto da administração civil-militar de Shchastia Volodímir Tiurin; o secretário da Câmara Municipal de Skadovsk Yuriy Paliukh; e o membro da equipa de resposta a emergências Oleksii Danchenko.
"A lista de cidadãos ucranianos detidos ilegalmente é muito maior e cresce a cada dia", reforçou o porta-voz.
Por outro lado, Peter Stano assegurou que a UE "toma nota" da libertação do presidente da Câmara de Melitopol, Iván Fedorov, anteriormente sequestrado, e do presidente do município de Velykoburlutska, Viktor Tereshchenko, e exigiu a "imediata libertação de todos os cidadãos ucranianos detidos ilegalmente pelas forças russas de ocupação".
O porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa lembrou que, de acordo com a decisão do Tribunal Internacional de Justiça, de 16 de março, a Rússia "tem de cessar a sua ação militar e retirar todas as forças e equipamentos militares de todo o território da Ucrânia, de forma imediata e incondicional".
Lusa
Moscovo acusa Zelensky de dividir sociedade ao suspender partidos
O líder do parlamento federal russo (Duma), Vyacheslav Volodin, acusou o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de dividir a sociedade ao suspender a atividade de 11 partidos ucranianos pró-Moscovo.
Zelensky anunciou hoje a suspensão da atividade de vários partidos políticos com ligações à Rússia durante a vigência da lei marcial no país, incluindo a Plataforma da Oposição – Pela Vida, que tem 44 dos 450 deputados no parlamento ucraniano.
"Zelensky, sendo principalmente um artista e ator, cometeu outro erro: com a sua decisão, dividiu a sociedade", escreveu o presidente da Duma na rede social Telegram, citado pela agência noticiosa russa Tass.
Vyacheslav Volodin lembrou que "existem partidos parlamentares entre os partidos políticos" alvo da medida e defendeu que Zelensky deveria ter dialogado com as formações em causa.
Acusou o Zelensky de demonstrar, com esta decisão, que também não estava na disposição de dialogar com os líderes separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, cujo pedido de ajuda foi usado pela Rússia para justificar a invasão do país vizinho, em 24 de fevereiro. "Preferiu a guerra a isto [diálogo]", acrescentou.
Turquia admite "quase acordo" em quatro das seis questões em discussão
O chefe da diplomacia turca, Mevlut Çavusoglu, manifestou-se hoje esperançado na possibilidade de um cessar-fogo na Ucrânia, ao admitir que as duas partes "quase concordam" em quatro das seis questões em discussão.
"Há convergência nas posições dos dois lados sobre questões importantes e críticas. Vemos, em particular, que eles quase concordam nos primeiros quatro pontos. Algumas questões precisam de ser decididas ao nível da liderança", disse Çavusoglu, numa entrevista ao jornal turco Hurriyet, citada pela agência espanhola Efe.
O ministro turco dos Negócios Estrangeiros, que se deslocou a Moscovo e Kiev na semana passada, não especificou os pontos em que há "quase um acordo".
Numa entrevista recente ao mesmo jornal, Ibrahim Kalin, porta-voz do Presidente da Turquia, disse que as questões em discussão foram agrupadas em seis pontos, o primeiro dos quais diz respeito à neutralidade da Ucrânia, que impediria a adesão do país à NATO.
As restantes questões, pela ordem referida por Kalin, são o desarmamento e as garantias mútuas de segurança, o processo a que a Rússia chama "desnazificação", a remoção de obstáculos à utilização generalizada do russo na Ucrânia, o estatuto do Donbass e o estatuto da Crimeia.
Çavusoglu disse que as duas delegações das conversações já percorreram um longo caminho, mas que a paz exigirá uma reunião entre os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelensky.
No entanto, admitiu que primeiro é necessário um cessar-fogo, o que acredita ser possível. "Se as partes não se desviarem das suas posições atuais, podemos dizer que temos esperança de um cessar-fogo. Existem canais abertos entre os líderes. Isto já é conhecido", disse ele.
Sábado
Alemanha faz acordo com Qatar para fugir à dependência russa
A Alemanha e o Qatar concordaram este domingo, 20 de março, em formar uma parceria energética a longo prazo, que o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, disse ser um passo para diminuir a dependência do gás russo.
O acordo foi anunciado por Habeck após um encontro com o Emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al Thani, em Doha.
Habeck disse que o apoio do Emir do Qatar foi maior do que o esperado. "O dia ganhou ímpeto", comentou, citado pela agência espanhola Europa Press.
Habeck explicou que as empresas que o acompanham na visita a países do Golfo irão agora negociar os termos dos contratos com o lado do Qatar, mas não deu pormenores sobre os montantes acordados.
O ministro alemão disse que a parceria acordada em Doha inclui não só o fornecimento de gás natural liquefeito, de que o Qatar é um dos maiores exportadores mundiais, mas também a expansão das energias renováveis e medidas de eficiência energética.
A Alemanha planeia construir terminais de gás natural liquefeito para diversificar as suas fontes de energia e tornar-se menos dependente da Rússia, um objetivo que ganhou ímpeto com a guerra na Ucrânia.
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Boris Johnson pede à China que condene a invasão russa da Ucrânia
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu este domingo à China para se posicionar e condenar a invasão russa à Ucrânia.
Em entrevista ao The Sunday Times, citada pela Lusa, Boris Johnson apelou à China, aliada estratégica de Moscovo, e a outros países, que não se posicionaram, para se juntarem aos países ocidentais na condenação à invasão russa.
"À medida que o tempo passa e o número de atrocidades russas aumenta acho que se torna cada vez mais difícil e politicamente inconveniente para as pessoas, ativa ou passivamente, tolerar a invasão de Putin", disse o líder britânico.
Na sua opinião, os países que não querem decidir estão agora confrontados com "dilemas consideráveis". "Acho que em Pequim começam a surgir dúvidas", afirmou.
ONU confirma 902 civis mortos e 1.459 feridos na Ucrânia até sábado
A guerra na Ucrânia provocou pelo menos 902 mortos e 1.459 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, até ao final de sábado, anunciou hoje a ONU.
No seu relatório diário sobre baixas civis, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) contabiliza 75 crianças mortas e 98 feridas.
Os dados referem-se ao período entre 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, e as 24:00 de sábado (hora local), correspondendo a 24 dias de combates.
A agência da ONU para os direitos humanos acredita que os números reais de baixas civis, incluindo crianças, "são consideravelmente mais elevados, especialmente em território controlado pelo Governo" ucraniano, mais sujeito à ofensiva russa.
"A maioria das baixas civis registadas foi causada pela utilização de armas explosivas com uma vasta área de impacto, incluindo bombardeamentos de artilharia pesada e sistemas de mísseis, e ataques aéreos e de mísseis", lê-se no relatório.
O ACNUDH adiantou que "a receção de informações de alguns locais onde têm ocorrido hostilidades intensas tem sido adiada e muitos relatórios ainda estão pendentes de corroboração".
Referiu, em particular, as cidades de Mariupol e Volnovakha (na região de Donetsk), Izium (Kharkiv), Sievierodonetsk e Rubizhne (Lugansk), e Trostianets (Sumy), "onde há alegações de centenas de baixas civis" que não estão incluídas nos números divulgados hoje.
Segundo a agência da ONU, um aumento de vítimas entre dois relatórios diários não implica que corresponda a mortos e feridos ocorridos num período de 24 horas, porque o processo de verificação é demorado e pode demorar vários dias.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 25.º dia, provocou também um número por determinar de baixas militares e levou mais 10 milhões de pessoas a fugir de casa, incluindo cerca de 3,4 milhões que se refugiram nos países vizinhos. Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, de acordo com as Nações Unidas.
A ONU considera que se trata da pior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Lusa
Mariupol acusa russos de terem atacado escola de arte
A autarquia da cidade ucraniana de Mariupol denunciou este domingo, 20 de março, um ataque russo a uma escola de arte que abrigava mais de 400 pessoas, muitas das quais ainda estão debaixo dos escombros.
O ataque contra a Escola de Arte G12, localizada na margem esquerda da cidade, teve lugar no sábado, de acordo com as autoridades.
"Sabe-se que o edifício foi destruído e que os civis ainda estão debaixo dos escombros. Estão a ser recolhidas informações sobre o número de vítimas", pode ler-se na mensagem publicada na conta da plataforma Telegram.
As autoridades em Mariupol acusaram na sexta-feira a Rússia de outro bombardeamento de um abrigo no Teatro Dramático da cidade, que alegadamente soterrou mais de 1.300 civis no interior. Até agora, cerca de 130 pessoas foram resgatadas do abrigo, embora as operações tenham sido particularmente lentas no sábado, devido à intensidade dos combates.
Contudo, o Ministério da Defesa russo negou qualquer envolvimento no que aconteceu e acusou diretamente o Batalhão Azov, um grupo ucraniano paramilitar neonazi, de ser responsável por esta "nova provocação sangrenta".