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Antigo conselheiro de Merkel faz “mea culpa” no gás russo
"Se soubéssemos na altura o que sabemos agora, teríamos, claro, agido de forma diferente", disse Lars-Hendrik Röller.
Lars-Hendrik Röller, antigo conselheiro económico de Angela Merkel, reconhece que as políticas da chanceler alemã deixaram o país excessivamente dependente do gás russo.
"Se soubéssemos na altura o que sabemos agora, teríamos, claro, agido de forma diferente", disse Lars-Hendrik Röller ao Financial Times.
Apesar desta admissão de responsabilidades, o antigo conselheiro de Merkel, que liderou o país entre 2005 e 2021, diz que as compras de gás russo a preços baratos foram decisivas para o crescimento da economia da Alemanha.
" Isso ajudou a proporcionar-nos taxas de crescimento fortes que financiaram coisas que de outra forma não teríamos tido, por um período de 10 a 15 anos, coisas que de outra forma não teriam sido possíveis", afirmou Lars-Hendrik Röller ao jornal inglês.
Depois de eliminar a energia nuclear do cardápio de opções da Alemanha, a aposta no gás russo por parte de Angela Merkel era quase obrigatória, argumenta o seu antigo opinião do antigo conselheiro.
"Pode-se argumentar se foi a coisa certa a fazer, mas foi o consenso na sociedade na altura", sublinhou.
Quando a Rússia decidiu invadir a Ucrânia em fevereiro de 2022, representava 55% das importações de gás da Alemanha. Este panorama motivou um crescendo de críticas a Angela Merkel pela dependência energética em que tinha deixado o país.
Merkel enfrentou críticas crescentes desde que deixou o cargo por permitir que a Alemanha se tornasse tão dependente da energia russa, mesmo depois de se tornar óbvio que o Kremlin estava disposto a usar as suas exportações de petróleo e gás como uma arma geopolítica.
Quando a Rússia lançou a sua invasão em larga escala da Ucrânia em fevereiro de 2022, representava 55% das importações de gás da Alemanha.
Para inverter esse quadro o atual governo do chanceler Olaf Scholz retirou a Alemanha do gás russo, construiu vários terminais de GNL e está a trabalhar para expandir significativamente a capacidade de energia renovável.
Robert Habeck, ministro da Economia e membro do partido Os Verdes, num discurso proferido em setembro do ano passado em setembro do ano passado no Parlamento, acusou a União Democrata-Cristã de Merkel de "16 anos de políticas energéticas fracassadas" que a coligação foi forçada a "limpar" em questão de meses.