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Quatro mil inscrições por dia nos centros de emprego
O ritmo de inscrições de desempregados nos centros de emprego em Portugal duplicou nos primeiros dias de abril, revelam dados do Ministério do Trabalho a que o Negócios teve acesso. Os pedidos de subsídios de desemprego também disparam.
Começam agora a ser conhecidos os primeiros dados sobre o impacto do "lockdown" da economia no mercado de trabalho no início de abril. De acordo com dados do Ministério do Trabalho, a que o Negócios teve acesso, desde que arrancou o mês estão a inscrever-se, em média, 4.098 desempregados por dia nos centros de emprego, o que corresponde ao dobro do ritmo registado no mesmo mês do ano passado. O número total de desempregados ascende assim a 339 mil, mais 18 mil do que no final de março.
Segundo o mesmo documento, que apenas resume os principais indicadores disponíveis sem detalhes, foram solicitados até 6 de abril 12.114 novos subsídios de desemprego, o que traduz uma subida de 65% face a igual período de 2019. Se recuarmos a 16 de março, houve mais 41 mil subsídios requeridos face a 16 mil no período homólogo.
Também os despedimentos coletivos aumentaram, sem surpresa. Até 6 de abril, houve 35 despedimentos coletivos (mais 28 empresas do que em igual período de 2019) abrangendo 345 trabalhadores (contra 255). Em relação a março, já se conheciam os dados: o número de despedimentos coletivos e de trabalhadores afetados triplicou face ao período homólogo do ano passado.
Outro dado relevante para avaliar a evolução do mercado de trabalho diz respeito às declarações das empresas à Segurança Social. O número de empresas que entregaram estes documentos nos primeiros dias de abril caíram 44% face ao período homólogo do ano anterior, mas ainda é cedo para tirar conclusões. Para já porque o mês de abril do ano passado teve menos dias úteis do que o deste ano e também porque é natural que muitas empresas se tenham atrasado neste processo por estarem a funcionar a meio gás.
Trabalhadores em lay-off sobem 15,5%
De acordo com estes dados, há agora 40 mil entidades empregadoras que recorreram ao lay-off, num universo potencial de 642 mil trabalhadores afetados e uma massa salarial de 655 milhões de euros.
Estes números revelam uma subida de 15,5% face aos últimos dados divulgados pelo Governo. Na segunda-feira eram 33.366 empresas que se tinham candidatado ao lay-off simplificado, com um universo correspondente de 556.751 trabalhadores.
Setorialmente, quase um quarto (24,2%) das empresas que estão a recorrer ao lay-off são do setor do alojamento, restauração e similares. As entidades empregadoras do setor do comércio por grosso e a retalho e oficinas são responsáveis por 19,9% do recurso a lay-off, seguindo-se depois a indústria transformadora (com 9,3% dos pedidos) e o setor das 'atividades de Saúde Humana e Apoio Social' (com 8,85% dos pedidos).
A grande maioria das empresas que recorre ao lay-off (75,7%) tem entre 1 e 10 trabalhadores. Só 0,7% dos pedidos são de empresas com pelo menos 250 trabalhadores.
Os distritos de Lisboa, Porto e Braga são os mais afetados, sendo que todos os distritos de Portugal continental têm empresas a recorrer a este instrumento extraordinário introduzido para responder à pandemia. Nas regiões autónomas, empresas da ilha de São Miguel e da ilha da Madeira também já acederam ao lay-off.
Além disso, há agora 117 mil trabalhadores independentes com redução de atividade, mais 17% do que os 100 mil anunciados na segunda-feira pela ministra Ana Mendes Godinho.
Por fim, continua a subir o número de novos pedidos de apoios excecionais às famílias, que abrangem já quase 109 mil trabalhadores por Conta de Outrem (de 50 mil entidades empregadoras), perto de 2 mil do serviço doméstico e 18 mil trabalhadores independentes.
Há ainda perto de 19 mil baixas por isolamento preventivo (profilático).
(Notícia atualizada às 18:48 com mais informação)