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Quem é o português que vai liderar a Imperial College?

Obcecado com a inovação e o ensino, este lisboeta que adora os Açores e gosta de BTT está a caminho de Londres, para liderar a escola de negócios de uma das mais reputadas escolas do mundo.

Miguel Baltazar/Negócios
16 de Março de 2017 às 13:22
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Depois de cinco anos à frente da Católica Lisbon School of Business and Economics, Francisco Veloso está de malas feitas para Londres, onde a partir de 1 de Agosto vai liderar a escola de negócios da Imperial College.

Uma aposta no português que é também o reconhecimento do caminho feito pela Católica, que tem vindo a consolidar a sua presença nos rankings internacionais no sector do ensino ligado às áreas económicas. Em 2016, ficou na 23ª posição no ranking europeu do Financial Times, igualada com a sua concorrente portuguesa, a Nova, e holandesa Tias Nimbas.


Francisco Veloso, desde cedo, encarou a internacionalização como a forma de afirmação da escola. Numa entrevista dada ao FT em Dezembro de 2013, um ano depois de ser nomeado Dean, Veloso explicava a estratégia: captar cada vez mais estudantes estrangeiros, tirando partido da introdução das regras de Bolonha, que acabaram por uniformizar o ensino na Europa, incentivando a mobilidade. E defendia que essa estratégia, no caso da Católica, tinha particularidades.

"Queremos certamente estar entre as melhores escolas da Europa, mas vamos fazê-lo com uma perspectiva e um alcance atlântico", afirmava então. O objectivo era tirar partido de "500 anos de História, com relações com África, a América do Sul e até a América Latina", utilizando "um activo muito importante, a língua portuguesa".


O académico confessava, então, que tinha saudades de ter tempo para fazer investigação, algo a que se dedicou desde a sua formação. Esta teve por base a licenciatura em Engenharia Física no Técnico, seguindo-se a especialização em tecnologia de gestão no ISEG e o doutoramento no MIT, entre 1996 e 2001. A sua investigação centrou-se nos processos da indústria automóvel, nomeadamente em termos de relações transnacionais.

Em 2001, regressa a Portugal um ano como professor, passando pelo Técnico e depois na Católica, na área de gestão de operações e de tecnologia. Em 2002 ruma novamente aos EUA, para a Universidade de Carnegie Mellon, onde faz uma parte importante da sua carreira chegando a professor catedrático, mantendo sempre uma ligação à Católica. Muda a sua base de novo para Portugal em 2012, para dirigir a Católica-Lisbon.

Autor de uma extensa presença em publicações nacionais e internacionais de referência, nunca largou totalmente a investigação, construindo o seu caminho com um foco progressivo na inovação e no empreendedorismo. Uma das suas ideias fortes, baseada no estudo do desenvolvimento de Silicon Valley, foi de que não são as regiões que fazem as empresas, mas sim o contrário. "Isso significa que não estamos limitados pelas especializações pré-existentes, pelo que foi feito até aqui", defendia igualmente ao FT. "Em vez de pensarmos em formas de ajudar as empresas existentes, é importante criar oportunidades para a experimentação, e apoiar empresas que ainda nem nasceram", completava.


A paixão pelo empreendedorismo levou-o à presença na WebSumit, que Veloso defendeu como uma grande oportunidade para Portugal e para as empresas portuguesas, pelo contacto mais próximo com investidores que, normalmente, são mais difíceis de seduzir nos seus mercados de origem, onde há muita concorrência pelo seu capital.


No ensino, as oportunidades para as escolas portuguesas têm sido por si focadas, como num artigo de opinião publicado em Dezembro no Jornal de Negócios. "Portugal tem o potencial único de estabelecer uma combinação distintiva na Europa entre a qualidade do ensino e investigação que oferece nas suas instituições, e muitos dos fatores que têm feito do nosso turismo uma fantástica história de sucesso", afirmava. "No contexto europeu, as nossas principais cidades oferecem um conjunto singular entre custo, segurança, sol e temperaturas amenas, vida social e cultural, e o mar ali tão perto. Lisboa é também hoje vista a nível global como uma cidade em renovação e reinvenção, com uma fantástica dinâmica empreendedora. Se pensarmos que ingredientes procura um jovem entre os 20 e os 30 anos para passar os melhores anos da sua vida, é difícil de encontrar uma combinação superior", argumenta.


Aos 47 anos, Veloso elege os Açores como um destino preferencial de férias, a bossanova como a banda-sonora ideal e a bicicleta como meio de transporte preferido, interesse que se liga ao desporto. É casado e tem três filhos, família que irá consigo para Inglaterra. Gostava de saber pintar melhor e ainda não desistiu de, um dia, ser um empreendedor a sério.


Já em 2013, Francisco Veloso avisava: "acho que as grandes escolas de Londres ou Paris deviam estar a prestar atenção ao que escolas noutros países estão a fazer, como a nossa". Aparentemente, a Imperial College levou esse conselho a sério, e veio agora busca-lo a Lisboa. 


Em Agosto, entrará na escola que faz parte do chamado "Triângulo Dourado", uma lista de exclusivos estabelecimentos de ensino localizados em Cambridge, Oxford e Londres. A título de curiosidade, a Imperial College deu ao mundo 15 distinguidos com o Prémio Nobel. Menos laureados mas talvez mais conhecidos são outros filhos do estabelecimento, como o escritor H.G. Wells ou Brian May, guitarrista dos Queen.

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