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Ministro da Educação preocupado com taxa de retenção evidenciada no PISA

O ministro da Educação mostrou-se satisfeito com os resultados de Portugal nos testes PISA em ciências, leitura e matemática, mas considerou que o país tem de melhorar nos níveis de retenção escolar.

Tiago Brandão Rodrigues - Educação: O bioquímico e investigador na área de oncologia na Universidade de Cambridge tornou-se aos 38 anos um dos mais jovens e… desconhecidos a assumir o Ministério da Educação. A relevância da pasta e as profundas mudanças introduzidas logo no início do mandato, como na avaliação dos alunos, conferem já a este minhoto uma razoável notoriedade espontânea (1,8%) e uma avaliação que, apesar de equilibrada, pende mais para a nota positiva (7%) do que negativa (6,2%).
Miguel Baltazar
06 de Dezembro de 2016 às 13:12
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"Em Portugal mais de 30% dos jovens com 15 anos já apresentam uma retenção no seu percurso escolar e ainda demasiados deles, demasiados de nós, apresentam mais do que uma retenção", salientou Tiago Brandão Rodrigues.

O governante falava em Sintra, na apresentação do relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, na sigla em inglês), estudo internacional que avalia os conhecimentos dos alunos de 15 anos em matemática, leitura e ciências.

"Estamos, infelizmente, numa montra em que não queremos estar, em que não nos podemos dar ao luxo de estar: o dos três países da OCDE que apresentam maior taxa de retenção entre as mais de sete dezenas de países ou economias que este relatório analisa, quase triplicando a taxa média da OCDE, que ronda os 13%", apontou o ministro.

O PISA, promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), é coordenado em Portugal pelo IAVE - Instituto de Avaliação Educativa e, no relatório hoje divulgado, os alunos portugueses conseguiram pela primeira vez resultados "significativamente superiores" à média da OCDE em ciências e leitura.

"Quando analisamos apenas os jovens de 15 anos, no 9.º e 10.º anos de escolaridade, os resultados são muito superiores à média da OCDE, o que mostra a qualidade e exigência do sistema educativo português", frisou Tiago Brandão Rodrigues.

No entanto, o governante manifestou-se preocupado com os indicadores relacionados com a retenção, aspeto que tem "custos anímicos, simbólicos e socais brutais".

"Mas tem também custos financeiros igualmente enormes, que rondam os 250 milhões de euros anuais. E tem, como sabemos, um mísero retorno, em qualquer destes níveis, pois nem responde ao insucesso nem ajuda ao sucesso", vincou.

O ministro defendeu a necessidade de um "esforço pedagógico e lectivo adicional" para combater os níveis de retenção, no sentido de assegurar que seja atingida "a meta de 105 de redução do abandono escolar precoce" em 2020 e reduzidas as taxas de retenção para metade.

"Esta situação agrava-se quando constatamos que Portugal está entre os países cujas retenções estão mais associadas ao contexto socioeconómico dos estudantes, mesmo entre estudantes com um nível de desempenho semelhante no PISA", sublinhou Tiago Brandão Rodrigues, acrescentando que a situação atinge também os alunos imigrantes.

O presidente do IAVE, Hélder Sousa, à margem da apresentação do relatório do PISA, na Escola Secundária de Santa Maria, em Sintra, reconheceu que "a retenção é um problema crónico" e que passa "por diferentes governos".

"É algo que recentemente começa a ser olhado com outra preocupação e é preciso ser olhado numa perspectiva muito construtiva, ou seja, a retenção não se resolve do ponto de vista administrativo, passando os alunos só por passar", afirmou o responsável.

A solução passa por conseguir "criar condições para que os alunos muito precocemente, eventualmente no primeiro ciclo, comecem a ser acompanhados e comece a ser feito o despiste de quais são os problemas de aprendizagem que têm".

O ministro da Educação destacou que, apesar das mudanças de orientação política no sector, o relatório do PISA evidencia que "há também um caminho que se fez de aprofundamento e de continuidade na qualidade da oferta do sistema educativo".

Tiago Brandão Rodrigues anunciou que Portugal vai voltar a participar no estudo da OCDE que avalia competências de adultos (o PIAAC - Programme for International Assessment of Adult Competencies), que integrou de 2008 a 2012.

O governante mostrou-se ainda satisfeito com os resultados na área científica, porque "o 'pensar cientificamente' não é apenas apanágio dos cientistas, mas é sim uma competência fundamental para todos os cidadãos e profissionais no mundo actual".

O principal domínio avaliado nesta edição foi a literacia científica, em que Portugal mais se destacou, ao obter uma classificação de 501 pontos (superando os 459 pontos no ano 2000, 468 em 2003, 474 pontos em 2006, 493 pontos em 2009 e 489 em 2012), numa escala de zero a 1.000.

Além dos 501 pontos em literacia científica, os alunos portugueses conseguiram atingir 498 pontos em leitura e 492 pontos em matemática.

O IAVE sublinhou que Portugal ocupou a 17.ª posição na escala ordenada dos resultados em ciências, quando considerados os países membros da OCDE, e ficou em 18º lugar na avaliação de leitura e em 22º na matemática.
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