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Ricos nos EUA são os vencedores da expansão económica mais longa de sempre
A economia norte-americana está a crescer sem interrupções desde 2009. Segundo a Reuters, os ricos são os que estão a tirar o maior partido desde ciclo de crescimento mais longo de sempre.
A economia norte-americana entrou em julho a crescer pelo 121.º mês consecutivo, alcançando assim o período de expansão mais prolongado de sempre (ou desde 1854, quando o NBER começou a compilar estes dados).
Foi assim superada a duração do anterior ciclo de crescimento económico, que aconteceu nos anos 90 quando a maior economia do mundo cresceu sem interrupções ao longo de 120 meses (entre março de 1991 e março de 2001).
Nos Estados Unidos é o National Bureau of Economic Research (NBER) que decreta (não oficialmente) os ciclos económicos e os dados deste instituto mostram que a economia norte-americana está a crescer consecutivamente desde junho de 2009.
As recessões são tipicamente definidas quando o PIB contrai em cadeia durante dois trimestres seguidos, o que nos Estados Unidos não acontece desde a ressaca da crise financeira e valida esta tese de que a economia está a registar a expansão mais duradoura de sempre.
O Financial Times assinala que o atual ciclo de expansão duplica a média dos períodos de crescimento ininterrupto desde II Guerra Mundial, com a particularidade de ter sido atingido num período em que aconteceu uma grave crise de dívidas soberanas na Zona Euro, momentos de forte turbulência em várias economias desenvolvidas e uma guerra de tarifas comercias entre os principais blocos económicos do mundo.
"Este ciclo é mais prolongado do que o tempo em que os Beatles estiveram juntos. Persiste há mais tempo do que a série Seinfeld esteve no ar na televisão. É mais antigo do que o Instagram", comentou ao FT o economista da Invesco, Brian Levitt.
Apesar de terem recentemente soado os alarmes sobre a possibilidade de a economia norte-americana entrar em recessão, os últimos indicadores disponíveis não apontam nesse sentido. O PIB cresceu a um ritmo anual de 3,2% no primeiro trimestre e no segundo trimestre a taxa de crescimento terá continuado com sinal positivo.
Apesar de este ser o ciclo de crescimento mais longo, não está a ser o mais forte. O PIB dos EUA está atualmente cerca de 20% acima do pico pré-crise financeira. Já a expansão dos anos 90 aumentou o valor do PIB da maior economia do mudo em mais de 40%.
Ricos são os vencedores
Além do Financial Times, também a Reuters está esta terça-feira a noticiar este facto de atual expansão nos EUA ser a mais longa de sempre. Mas com uma abordagem diferente, destacando antes que nesta expansão recorde são os ricos que estão a ganhar mais, ao contrário do que se passa noutras classes.
A agência de notícias relata vários casos que mostram como os mais ricos estão cada vez mais ricos, como as vendas de peças de arte e antiguidades por valores astronómicos.
"Bem-vindo à mais longa expansão económica da história dos EUA, talvez melhor caracterizada pelos excessos de riqueza extrema e um abismo cada vez maior entre os incomensuravelmente ricos e todos os outros", escreve a Reuters.
A agência assinala que os negócios são cada vez maiores, desde as fusões e aquisições, às compras de casas de luxo, equipas desportivas e iates. E que o número de milionários não para de crescer, tendo mais do que duplicado na última década. Segundo o UBS, passou de 267 em 2008 para 607 no ano passado.
Em sentido inverso, há sinais de estagnação nos que menos rendimentos têm. Os 20% mais ricos dos EUA concentram 88% da riqueza do país, um nível superior ao registado antes da última crise. Na maior economia do mundo existem 39 milhões de pessoas a receber apoios sociais, o que representa um aumento de 40% face ao registado em 2008, quando neste período a população cresceu apenas 8%.