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Que plano B estará a ser pensado para salvar o euro?

Em banho-maria estarão expedientes bem mais arrojados para tentar cortar, de vez, os riscos de contágio da crise da dívida pública, que se atacar Espanha e Itália, significará, com grande probabilidade, o fim do euro e o princípio do fim da União Europeia.

27 de Setembro de 2011 às 18:10
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A reunião anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, que terminou neste fim-de-semana em Washington, poderá ter marcado um ponto de viragem sobre o que deve ser feito, e por quem, para garantir a sobrevivência do euro.

Na sequência da pressão cada vez menos discreta dos Estados Unidos, mas também da China e do Japão – cujas bolsas e perspectivas económicas têm sido também severamente castigadas pela instabilidade no euro - a Alemanha poderá estar agora mais convencida de que a crise da dívida não é da exclusiva responsabilidade, nem depende somente, dos países indisciplinados do sul da Europa, e que são precisas soluções mais arrojadas que demonstrem ao mundo e aos mercados que a Europa tem poderes e meios para defender a sua moeda.

Transformar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) num banco ou numa seguradora é umas das opções que estará agora a ser ponderada ao mais alto nível político, depois de alguns estudos e simulações académicas terem apontado para a probabilidade desta ser a opção legalmente menos complexa e a que mais rapidamente poderia “normalizar” os mercados, reduzindo as taxas de juro dos países da periferia para níveis mais comportáveis.

A primeira vantagem deste expediente é que não seria preciso mexer em números. Neste momento, está em processo de aprovação pelos parlamentos nacionais o aumento da dotação efectiva do FEEF para 440 mil milhões de euros e a possibilidade deste financiar linhas de crédito de emergência para países que possam enfrentar problemas de liquidez e a recapitalização de bancos (através dos Estados). O Bundestag deve aprovar este “pacote”, decidido na cimeira europeia de 21 de Julho, nesta quinta-feira, após grande controvérsia que abalou, ainda mais, a fragilizada coligação governamental (CDU/FDP) liderada por Angela Merkel.

A Alemanha e os países de “rating” máximo não querem aumentar a dotação do FEEF, até para não colocar em perigo a sua própria notação de risco – e, logo, as condições de financiamento mais favoráveis de que beneficiam. Só que retirando os compromissos já assumidos relativos ao programa de ajuda a Portugal, Irlanda e Grécia, o FEEF dispõe actualmente de menos de 300 mil milhões de euros, montante insuficiente para socorrer a uma Espanha e a uma Itália.

Transformar o FEEF (hoje, um veículo financeiro intergovernamental) num banco permitir-lhe-ia alavancar a sua capacidade de actuação, para valores na casa dos dois ou três biliões de euros, sem mexer na sua base de capital, e criar uma verdadeira “fortaleza” para barrar os riscos de contágio.

Exigiria uma licença do Banco Central Europeu (BCE) e permitir-lhe-ia, por exemplo, comprar títulos de dívida pública de Espanha e de Itália em larga escala – forçando, desejavelmente, a uma queda dos juros – mas também obter liquidez no BCE, cedendo esses títulos como colateral, alimentando sucessivamente a sua capacidade de intervenção nos mercados.

Outra possibilidade que tem sido aflorada passaria por transformar o FEEF numa espécie de seguradora: não interviria directamente nos mercados de dívida, mas garantiria aos investidores uma percentagem – fala-se de 20% - das perdas potenciais associadas às novas emissões de dívida. Mais uma vez, Espanha e Itália seriam os alvos a proteger.

Há um terceiro plano de intervenção, que tem sido ventilado por alguma imprensa britânica, segundo a qual Berlim e Paris querem que os credores privados da Grécia perdoem metade da dívida do país (as perdas implícitas que estão actualmente a ser negociadas com a banca são de 21%), de modo a tornar o país solvente. Para evitar uma nova escalada de perdas (e falências) no sector financeiro, o FEEF financiaria um vasto programa de recapitalização dos bancos europeus – desde logo, os gregos – à semelhança do programa TARP lançado ainda por George Bush para absorver os activos tóxicos, sobretudo da banca. A informação foi prontamente desmentida pelos Governos alemão, finlandês e holandês.

Em todos os casos, estará a ser pensado associar mais estreitamente o FMI ao próprio FEEF, de modo a reforçar os meios – mas também a credibilidade – da estratégia de defesa do euro. Ainda hoje, o ministro japonês das Finanças, Ju Azumi, afirmou que “se houver um plano, assente num processo firme, envolvendo montantes realistas e capaz de fornecer segurança ao mundo e aos mercados relativamente ao regaste da Grécia, eu não afastaria a hipótese de o Japão assumir parte do fardo”.



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