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Privados querem ligações Porto/Lisboa e a Madrid no TGV
As linhas Lisboa/Porto e Lisboa Madrid do mapa da futura rede de alta velocidade ferroviária são as que garantem a exploração com lucro, podendo mesmo vir a gerar receitas para financiar as outras ligações, reconheceu ontem o ministro das Obras Públicas.
As linhas Lisboa/Porto e Lisboa Madrid do mapa da futura rede de alta velocidade ferroviária são as que garantem a exploração com lucro, podendo mesmo vir a gerar receitas para financiar as outras ligações, reconheceu ontem o ministro das Obras Públicas.
Carmona Rodrigues, que revelou com maior detalhe o mapa da rede de alta velocidade, admitiu que são estas duas ligações, pelo tráfego previsto, que interessam aos privados, em regime de parceria público privado, em particular no que diz respeito à operação. Este modelo está ainda pendente das metas a definir pela UE sobre a liberalização do transporte ferroviário de passageiros.
O potencial de geração de "cash-flow" na linha Lisboa/Porto da ordem dos 60% do investimento, enquanto o Lisboa/Madrid anda na casa dos 20%. Esta margem poderá ser usada para financiar outras linhas, num modelo de concessão da construção e operação ainda em aberto. Foi aliás a sua maior rentabilidade e interesse económico que levou o Governo a considerá-las prioritárias no calendário de construção da rede, disse ainda Carmona Rodrigues.
De acordo com dados de tráfego avançados, a ligação Lisboa/Porto, com 13,5 milhões de pessoas previstos por ano, vai representar 55% do volume total de passageiros anuais estimados na futura rede de TGV que é de 24,3 milhões. Esta é também a ligação mais cara, na casa dos 3,6 mil milhões de euros sobretudo pelo preço das expropriações e a complexidade de obras que exige ao atravessar a zona mais povoada do país.
O objectivo de aproveitar a modernização da linha do Norte e a maior complexidade técnica do projecto fazem com que a data prevista da sua conclusão para a alta velocidade seja só 2013. O preço de referência para um sentido resultante dos estudos de tráfego nesta ligação anda na casa dos 41 euros por passageiro.
Quanto às outras ligações, o objectivo é que tenham igualmente exploração equilibrada, o que os responsáveis do projecto acreditam que será possível na linha Porto/Madrid com o tráfego de mercadorias, e na linha Évora/Faro - Huelva, captando tráfego de Madrid para o Sul.
Investimentos de 13,5 mil milhões até 2020
O mapa ontem apresentado, com quatro ligações a Espanha, com uma ligação Lisboa/Porto e Évora/Faro em alta velocidade, vai custar em números redondos e actuais cerca de 12.500 milhões de euros até 2020, valor que já inclui o material circulante.
Sem essa componente, contabilizando o investimento em infra-estruturas, expropriações e a estações, o esforço financeiro anda na casa dos 11.200 milhões de euros. A terceira travessia do Tejo, no corredor Chelas/Barreiro, caso seja construída, vai custar mil milhões de euros numa primeira fase só ferroviária, chegando aos 1.500 milhões com a componente rodoviária e os respectivos acessos, o que poderá atirar a soma total deste projecto para 13.500 milhões de euros, com material circulante que custará pouco mais de mil milhões de euros.
No entanto, o ministro garante que o esforço vai ser faseado entre 2006 e 2020, atingindo nos anos de pico, entre 2007/8 e 2013/21014, os 800 milhões de euros por ano, o que dará 80 a 160 milhões do Orçamento do Estado, para 10% a 20% do esforço.
O projecto prevê que a quota do transporte ferroviário passe dos 4% actuais para 26% em 2025. Foram anunciadas duas ligações para mercadorias em rede convencional, mas preparadas para a alta velocidade, o Sines/Badajoz/Madrid e Aveiro/Salamanca/Irún. O Governo promete manter a racionalização da rede convencional.