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Marcelo "vende" porto de Sines à China
Portugal quer ser um "ponto estratégico" da Rota Marítima da Seda, diz o Presidente em entrevista ao jornal oficial do Partido Comunista chinês.
Portugal quer ser um "ponto estratégico" da iniciativa chinesa Rota Marítima da Seda, disse o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista hoje publicada pelo jornal oficial do Partido Comunista da China (PCC).
"Portugal está disposto a mover, em conjunto com a China, todas as diligências, no sentido de se tornar um ponto estratégico da Rota Marítima da Seda", frisou Rebelo de Sousa, numa extensa entrevista publicada na versão impressa do Diário do Povo e na edição digital em português, inglês e chinês.
Aquela iniciativa, anunciada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013, refere-se a um gigante plano de infra-estruturas, que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e Sudeste Asiático.
Segundo as autoridades chinesas, vai abranger 65 países e 4,4 mil milhões de pessoas, cerca de 60 por cento da população mundial.
Neste aspecto, Rebelo de Sousa frisou o "elevado grau de operacionalidade" e a "localização privilegiada" do porto de Sines, na costa ocidental portuguesa, como "porta de entrada" para a Europa.
"Este porto encontra-se numa fase de atracção de investimento e acredito que poderá oferecer inúmeras vantagens a eventuais parceiros chineses", disse.
Desde que a China Three Gorges comprou 21,3% da EDP (Energias de Portugal), em 2011, a China assumiu-se como um dos maiores investidores em Portugal, adquirindo participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca.
O chefe de Estado português destacou a relação de "complementaridade" no setor energético, "especialmente nas áreas produção e eficiência energética e energias renováveis".
"Os investimentos levados a cabo por empresas chinesas neste sector traduziram-se em resultados palpáveis para ambos os lados", frisou ao jornal oficial do PCC.
Para Rebelo de Sousa, existe hoje um número considerável de acordos assinados entre os dois países, nas "mais diversas áreas", enquanto o número de visitas oficiais "tem aumentado, não só em quantidade, mas também em qualidade".
No ramo da investigação científica, porém, o Presidente da República considerou que "existe ainda uma larga margem de progressão", apesar de "centros de pesquisa das universidades dos dois países terem avançado com alguns programas de cooperação".
Rebelo de Sousa, que revelou ter uma "atracção" pela China, disse ainda que Portugal sempre primou pelo reforço da colaboração entre empresas chinesas e portuguesas nos mercados de Angola, Moçambique e outros países de língua oficial portuguesa.
E propôs que ambos os lados avancem com um mecanismo de cooperação para operar em terceiros mercados, nomeadamente em África ou na América do Sul.
"As empresas portuguesas e chinesas podem trabalhar juntas nestes mercados nos sectores das infra-estruturas e energia", indicou.
Quanto ao estatuto de Portugal como membro fundador do Banco Asiático de Investimento em Infra estruturas (BAII), a primeira instituição financeira internacional proposta pela China, Rebelo de Sousa disse ao Diário do Povo que deseja que este sirva para aproximar Portugal de outros países da Ásia.
Fontes oficiais portuguesas estimam que a China investiu 10 mil milhões de euros em Portugal, desde 2012.
Fundado em 1948, na província chinesa de Hebei, o Diário do Povo tem uma tiragem diária superior a 2,5 milhões de exemplares e 300 milhões de visualizações na edição digital.
Não é o único órgão estatal chinês, mas logo junto à recepção nota-se o seu estatuto singular: quatro fotografias exibem os homens que lideraram a China, desde 1949, a ler atentamente o jornal.
Mao Zedong, o fundador da República Popular que dirigiu o país ao longo de 27 anos, e os seus sucessores - Deng Xiaoping, Jiang Zemin e Hu Jintao - estão lá todos.
Desde Setembro passado, o Diário do Povo ocupa um edifício de 33 andares construído de raiz no moderno e cosmopolita CBD (Central Business District) de Pequim, e emprega actualmente cerca de 10 mil pessoas.