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Marcelo: "Esta é a fase de ser o último fusível de segurança"

O Presidente da República diz que não tenciona pronunciar-me sobre a crise política "nem hoje, nem nos próximos dias, nem nas próximas semanas". Para Marcelo, os portugueses "ouviram atentamente e perceberam".

06 de Maio de 2023 às 16:53
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O Presidente da República considerou este sábado que os portugueses compreenderam a sua declaração sobre a crise política, recusando-se a fazer reinterpretações, e sublinhou que esta é a fase de ser "o último fusível de segurança" política do sistema.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas na Embaixada de Portugal, em Londres, cidade à qual se deslocou para a coroação do rei Carlos III de Inglaterra.

"Aquilo que tinha a dizer, disse. Está dito. Não tenciono estar a pronunciar-me sobre essa matéria nem hoje, nem nos próximos dias, nem nas próximas semanas. Os portugueses ouviram e, naturalmente, ouviram atentamente e perceberam", afirmou.

O chefe de Estado português justificou a decisão "não apenas por estar no estrangeiro", mas por considerar que "o papel de um presidente não é estar a interpretar-se a si próprio".

"Faço um grande esforço para ser muito claro, mesmo em matérias que são complicadas", salientou, assinalando que abordou "tudo aquilo que quis abordar".

Marcelo Rebelo de Sousa recordou que teve "uma fase" de vida durante a qual foi comentador, mas argumentou que este não é o momento para o ser: "Esta é a fase de ser responsável político. Como disse, o último fusível de segurança político do sistema", destacou.

"Não vou estar a fazer releituras daquilo que disse, reinterpretações, esclarecimentos, elucidações. Os portugueses ouviram, entenderam, perceberam, têm a sua opinião sobre isso, certamente", afirmou.

Na quinta-feira, na sua comunicação, o Presidente da República prometeu que estará "ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia" para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições e "evitar o recurso a poderes de exercício excecional".

O chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma "divergência de fundo" e considerou que essa decisão de António Costa tem custos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".

"O que sucedeu terá outros efeitos no futuro. Terei de estar ainda mais atento à questão da responsabilidade política e administrativa dos que mandam, porque até agora eu julgava que sobre essa matéria existia, com mais ou menos distância temporal, acordo no essencial. Viu-se que não, que há uma diferença de fundo", considerou.

"Assim, para prevenir o aparecimento e o avolumar de fatores imparáveis e indesejáveis de conflito, terei de estar ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia, para evitar o recurso a poderes de exercício excecional que a Constituição me confere e dos quais não posso abdicar", prosseguiu.
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