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Lula pede aos EUA para que "não virem o mundo numa bagunça"

O presidente Lula da Silva garante que o Brasil não tem interesse numa confrontação com os Estados Unidos e pediu à Administração de Barack Obama para que negocie rapidamente um acordo que permita esvaziar as retaliações comerciais, que Brasília prevê accionar dentro de 30 dias.

11 de Março de 2010 às 09:23
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O presidente Lula da Silva garante que o Brasil “não tem interesse numa confrontação com os Estados Unidos” e pediu à Administração de Barack Obama para que “negocie rapidamente” um acordo que permita esvaziar as retaliações comerciais, que Brasília prevê accionar dentro de 30 dias.

O apelo foi, porém, acompanhado de uma advertência: ou os EUA, e os demais países, obedecem às instituições multilaterais “ou o mundo vai virar uma bagunça”.

“Eu queria pedir ao companheiro Obama que colocasse as suas pessoas para negociar rapidamente. O Brasil não tem nenhum interesse numa confrontação com os Estados Unidos”, sublinhou ontem à tarde o presidente brasileiro.

O conflito comercial foi deflagrado na sequência dos subsídios pagos pelos Estados Unidos a seus produtores de algodão, tendo o Brasil obtido em Novembro último “luz verde” da Organização Mundial de Comércio (OMC) para retaliar importações norte-americanas, após uma disputa inconclusiva que se arrastou ao longo de sete anos.

Mas a decisão do Brasil de desencadear retaliações comerciais contra importações norte-americanas está a azedar as relações entre as duas maiores economias do continente americano.

Um porta-voz do Departamento norte-americano do Comércio lamentou nesta semana a iniciativa de Brasília, sublinhando que Washington está “decepcionada” com as medidas de retaliação, mas que, ainda assim, mantém viva a esperança num acordo extra-judicial.

As declarações foram feitas após a divulgação na segunda-feira da lista dos 102 produtos norte-americanos que deverão começar a pagar, dentro de 30 dias, uma sobre-taxa para entrar no Brasil, no valor total de 591 milhões de dólares.

Os produtos visados são sobretudo de consumo final, tendo o Brasil deliberadamente evitado colocar na “lista negra” bens que possam comprometer o sector produtivo do país. A lista, assim como o valor envolvido, é relativamente simbólica, incluindo escovas de dentes e electrodomésticos.

Mas o potencial de atrito político é enorme, numa altura em que os Estados Unidos criticam Lula da Silva por tão pouco apoiar o estabelecimento de sanções económicas ao Irão, para pressionar o país a pôr travões ao seu programa de enriquecimento de urânio.

"O Brasil tem interesse em que os Estados Unidos respeitem as decisões da OMC, tanto quanto o Brasil respeitará quando a OMC decidir contra nós. Ou nós obedecemos as instituições multilaterais ou o mundo vai virar uma bagunça”, advertiu Lula.

Segundo o presidente, os subsídios norte-americanos não prejudicam tanto os produtores brasileiros, mas sobretudo os produtores de algodão dos países africanos.

“Quem precisa que os americanos diminuam os subsídios do algodão não é o produtor brasileiro, porque nós temos competência, terra, sol, água e tecnologia para competir com americano, com chinês e com francês. Quem não tem são os pobres dos países africanos, que ainda não receberam a tecnologia dos países ricos”, argumentou.

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