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Guerra aumentou riscos para a estabilidade financeira

FMI avisa que a subida de preços das mercadorias por causa do conflito na Europa complica a tarefa dos bancos centrais, cuja missão é controlar a inflação. Transição climática pode tornar-se mais difícil e complexa.

O Fundo Monetário admite que as regras orçamentais de nada serviram para evitar montanhas de dívida, mas defende que devem existir para credibilizar os Estados.
Yuri Gripas/Reuters
19 de Abril de 2022 às 15:30
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A guerra na Ucrânia, que acelerou o aumento de preço das mercadorias, coloca desafios difíceis aos bancos centrais, que terão de conseguir um equilíbrio entre o controlo da inflação e a salvaguarda da recuperação económica pós-pandemia.

O alerta é do Fundo Monetário Internacional (FMI), que no Relatório de Estabilidade Financeira Global escreve que apesar de até agora "não se ter materializado qualquer evento sistémico global" que possa afetar as instituições financeiras ou os mercados", as "repercussões da guerra continuam a ter ecos globais e vão testar a resiliência do sistema financeiro através de vários canais, incluindo exposições dos bancos, intermediários financeiros e empresas, disrupção nos mercados, aumento do risco de contraparte, e possíveis eventos cibernéticos".

Os decisores políticos devem por isso tomar "ações decisivas" para controlar o aumento generalizado de preços, tentando acautelar "vulnerabilidades financeiras" e ao mesmo tempo evitar um aperto descontrolado das condições financeiras, que poderia colocar em risco a recuperação económica pós-pandemia.

O FMI alerta que nesse processo, "algumas empresas e famílias poderão necessitar de apoios orçamentais de curto prazo para conseguirem navegar as consequências da guerra".

Banca com exposição "modesta"
Pelo lado positivo, a instituição realça que a exposição direta da banca mundial à Rússia e à Ucrânia "parece ser relativamente modesta". No terceiro trimestre de 2021, as instituições financeiras estrangeiras reclamavam 120 mil milhões de dólares junto de residentes russos (e 60% deste valor era em moeda estrangeira). No caso da Ucrânia, a exposição era de 11 mil milhões de dólares. A grande maioria destes valores eram detidos por bancos da Zona Euro.

Sem identificar instituições bancárias específicas, o FMI acrescenta que "nalguns países, estas exposições são significativas do ponto de vista económico, porque têm bancos com um papel ativo no sistema financeiro russo".

Contratempos na transição energética
No documento, o Fundo liderado por Kristalina Georgieva escreve também que por causa da guerra, e da intenção europeia de diminuir a dependência face à Rússia, a estratégia para a transição energética poderá "enfrentar contratempos" e sublinha que "alguns países já indicaram a intenção de apostar nos combustíveis fósseis e na produção de eletricidade a partir do carvão para assegurar as necessidades energéticas do curto prazo".

Os governos vão por isso "enfrentar um conjunto de desafios estruturais" que incluem "uma mudança na perceção dos equilíbrios entre a segurança energética e a transição climática", num momento em que "o aumento dos preços das mercadorias e as quebras de fornecimento vão tornar a transição para as energias renováveis mais cara e complexa", mas também a "fragmentação dos mercados de capital, com possíveis implicações de longo prazo nas taxas de câmbio". São assuntos, escrevem os especialistas, "extremamente complexos num mundo no qual a geopolítica vai ter um papel central na alocação de ativos, e no qual a incerteza reina".
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