Notícia
Face Oculta: Mário Lino nega ter recebido pressões de Vara ou Barreira
O ex-ministro das Obras Públicas Mário Lino negou hoje, em tribunal, quaisquer conversas com o banqueiro Armando Vara ou com o consultor Lopes Barreira sobre o principal arguido do processo 'Face Oculta', o sucateiro Manuel Godinho.
03 de Maio de 2012 às 11:32
"Falava muito menos com Armando Vara do que com Lopes Barreira", mas, num caso ou noutro, "nunca houve nenhuma conversa comigo sobre o senhor Manuel Godinho", disse o ex-ministro, que está a testemunhar desde as 09:45 no tribunal de Aveiro.
Mário Lino admitiu que conhecia Vara e Barreira, este último "desde os tempos de estudante", mas sublinhou que "não fazia a mínima ideia" se ambos "conheciam ou não conheciam" o sucateiro de Ovar.
No processo surgem intercepções telefónicas em que Lopes Barreira promete falar com Mário Lino, pelo que o ex-ministro disse ter pedido explicações ao consultor e amigo, após notícias alusivas.
Barreira ter-lhe-á dito: "Eu conhecia o homem, passava a vida a chamar-me e eu tive de me descartar de qualquer maneira e disse que ia falar contigo".
A acusação do processo 'Face Oculta' alega que o antigo titular da pasta das Obras Públicas terá sofrido pressões de Vara e de Barreira, coarguidos no processo, com vista à destituição de Luís Pardal da liderança da Refer.
O nome do ex-ministro socialista surge, por outro lado, numa lista de prendas do grupo empresarial de Manuel Godinho.
Ainda segundo o processo, Lino terá dito à ex-secretária de Estado Ana Paula Vitorino que uma das firmas de Godinho, a 'O2', era uma "amiga do PS".
Ouvido na instrução do processo, Mário Lino negou ter mantido tal conversa com a então secretária de Estado e disse não conseguir obter explicação para essas "injuriosas" considerações.
Em resposta a perguntas do procurador Marques Vidal, o antigo titular da pasta das Obras Públicas admitiu que pediu à administração da Refer para se reunir o principal arguido no processo 'Face Oculta'.
O ex-ministro explicou que o pedido (rejeitou a expressão "ordem") surgiu após receber o sucateiro de Ovar, que se queixou de ser perseguido na Refer e de não conseguir ser recebido pelo presidente da empresa.
Lino garantiu ter dito ao próprio Godinho, naquela reunião, que ele próprio também tinha dúvidas sobre o relacionamento comercial do sucateiro com a Refer e que isso o levara a mandar dois relatórios alusivos [ao assunto] para a Procuradoria-Geral da República.
"Não tornei a falar com ele", sublinhou o ex-ministro, contando que o teor dessa conversa foi relatado à secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, para que esta a transmitisse a Luís Pardal.
Dias mais tarde, contou que Ana Paula Vitorino lhe pediu para relatar directamente o resultado da reunião a Luís Pardal.
"Achava melhor que fosse eu a dizer directamente o que se passara ao engenheiro Pardal, porque a conversa tinha sido comigo", disse.
Quanto a Godinho, "não tornei a falar com ele", frisou.
Durante a sessão de julgamento de 11 de Abril, o presidente da entidade gestora das ferrovias, Luís Pardal, disse ter sido abordado "repetidamente" pelo ex-ministro sobre as queixas de Godinho relativamente à Refer, que o chegou a excluir da sua lista de fornecedores qualificados, alegando um histórico de condutas suspeitas.
O processo 'Face Oculta' está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objectivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho nos negócios com empresas do sector empresarial do Estado e privadas.
Mário Lino admitiu que conhecia Vara e Barreira, este último "desde os tempos de estudante", mas sublinhou que "não fazia a mínima ideia" se ambos "conheciam ou não conheciam" o sucateiro de Ovar.
Barreira ter-lhe-á dito: "Eu conhecia o homem, passava a vida a chamar-me e eu tive de me descartar de qualquer maneira e disse que ia falar contigo".
A acusação do processo 'Face Oculta' alega que o antigo titular da pasta das Obras Públicas terá sofrido pressões de Vara e de Barreira, coarguidos no processo, com vista à destituição de Luís Pardal da liderança da Refer.
O nome do ex-ministro socialista surge, por outro lado, numa lista de prendas do grupo empresarial de Manuel Godinho.
Ainda segundo o processo, Lino terá dito à ex-secretária de Estado Ana Paula Vitorino que uma das firmas de Godinho, a 'O2', era uma "amiga do PS".
Ouvido na instrução do processo, Mário Lino negou ter mantido tal conversa com a então secretária de Estado e disse não conseguir obter explicação para essas "injuriosas" considerações.
Em resposta a perguntas do procurador Marques Vidal, o antigo titular da pasta das Obras Públicas admitiu que pediu à administração da Refer para se reunir o principal arguido no processo 'Face Oculta'.
O ex-ministro explicou que o pedido (rejeitou a expressão "ordem") surgiu após receber o sucateiro de Ovar, que se queixou de ser perseguido na Refer e de não conseguir ser recebido pelo presidente da empresa.
Lino garantiu ter dito ao próprio Godinho, naquela reunião, que ele próprio também tinha dúvidas sobre o relacionamento comercial do sucateiro com a Refer e que isso o levara a mandar dois relatórios alusivos [ao assunto] para a Procuradoria-Geral da República.
"Não tornei a falar com ele", sublinhou o ex-ministro, contando que o teor dessa conversa foi relatado à secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, para que esta a transmitisse a Luís Pardal.
Dias mais tarde, contou que Ana Paula Vitorino lhe pediu para relatar directamente o resultado da reunião a Luís Pardal.
"Achava melhor que fosse eu a dizer directamente o que se passara ao engenheiro Pardal, porque a conversa tinha sido comigo", disse.
Quanto a Godinho, "não tornei a falar com ele", frisou.
Durante a sessão de julgamento de 11 de Abril, o presidente da entidade gestora das ferrovias, Luís Pardal, disse ter sido abordado "repetidamente" pelo ex-ministro sobre as queixas de Godinho relativamente à Refer, que o chegou a excluir da sua lista de fornecedores qualificados, alegando um histórico de condutas suspeitas.
O processo 'Face Oculta' está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objectivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho nos negócios com empresas do sector empresarial do Estado e privadas.