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Estar longe aguça a crítica e o patriotismo

Vêem a austeridade à distância. Francisco Andrade, Bernardo Barradas e Francisco Pedreira emigraram à procura de novas oportunidades de trabalho. Olham para Portugal, criticam o facilitismo, mas são mais patriotas

31 de Janeiro de 2012 às 14:00
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Em 2008, Francisco Andrade partiu para a Bélgica. Não por necessidade, mas por querer "conhecer pessoas e culturas diferentes". A primeira experiência fora de Portugal teve-a quando estudante. Fez Erasmus no mesmo país, onde sentiu a vontade de sair da "zona de conforto". Actualmente, com 29 anos, Francisco é auditor interno na General Electric, na divisão de Global Business.

Em Portugal, o jovem licenciado em economia fazia auditoria na PricewaterhouseCoopers. Até surgir uma proposta da DHL, que o fez mudar-se para Bruxelas. Francisco não perspectiva voltar nos "próximos anos". Adaptou-se. Não vê que em Portugal possa ter o mesmo nível de vida. Enquanto emigrante, diz, tornou-se mais patriota. Mas, também, mais crítico em relação ao País. "Avaliamos a nossa cultura, comportamentos e atitudes, com uma perspectiva diferente. Temos que deixar de esperar por favores, que alguém faça por nós, deixar de procurar o caminho mais fácil", confessa.

O nível de vida de Francisco melhorou. Ganha mais e trabalha menos horas. "Mesmo com um custo de vida superior, penso que, em termos gerais, se tem uma melhor qualidade de vida e consegue-se ainda poupar mais do que em Portugal. Há também um maior equilíbrio entre o trabalho vida pessoal, pois passamos menos horas no local de trabalho. Menos horas a trabalhar, mas com muito maior produtividade", explica.

Nas agências publicitárias portuguesas não é difícil encontrar sotaque brasileiro. Francisco Pedreira, de 27 anos, fez o percurso inverso. Pegou nas malas e rumou ao Brasil. Licenciado em gestão de marketing, ao sair da faculdade, encontrou um mercado de trabalho "com falta de salários decentes" na sua "área". Também a falta de oportunidades, como redactor publicitário, foi determinante para sair de Portugal. No Brasil "vejo muito mais oportunidades de emprego, com salários bastante superiores aos que auferia em Portugal. A qualidade de vida, logicamente aumenta com um salário melhor", conta.

Em Timor-Leste, Bernardo Correia Barradas relata a mesma situação. Na antiga colónia portuguesa há mais emprego e melhores condições salariais para trabalhadores qualificados. Formado em direito, aos 30 anos, Bernardo Barradas é director jurídico, de recursos humanos e marketing na da Timor-Leste Airlines. Depois de exercer advocacia na Vieira de Almeida & Associados, Bernardo partiu para "ganhar experiência internacional e experiência em outras áreas no âmbito da profissão".

Bernardo Barradas conta que existe, hoje, uma nova vaga de emigração em Timor. Também há, prossegue, empregadores mais exigentes e timorenses mais qualificados. O que conduz a menores oportunidades para trabalhadores estrangeiros. Há ainda "a constante perda de relevância de Portugal em Timor-Leste de um ponto de vista diplomático, social e económico, sendo que o sector privado, é crescentemente australiano, indonésio e chinês". Bernardo Barradas confessa, por fim, ser seu desejo voltar a Portugal Afinal, afirma, é um dos melhores países do Mundo para se viver. E pena, acrescenta, Portugal "estar tão mal frequentado, gerido e organizado".

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