Notícia
Cristina Casalinho avisa PS para custos no PIB e que vai haver dor social
A ex-presidente defendeu este sábado, na Academia Socialista, na Batalha, que a prioridade deve ser a contenção da inflação e isso deve ser feito através de políticas que protejam o impacto nos cidadãos mais vulneráveis.
10 de Setembro de 2022 às 15:07
A ex-presidente da IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública) Cristina Casalinho avisou hoje os socialistas que evitar o "entrincheiramento" da inflação terá custos ao nível do produto e provocará dor social.
"Para controlar a inflação vamos ter custos ao nível do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, vamos ter alguma dor", declarou Cristina Casalinho, atual administradora da Fundação Calouste Gulbenkian, perante a Academia Socialista, iniciativa do PS que decorre na Batalha, distrito de Leiria.
De acordo com Cristina Casalinho, a prioridade máxima, na atual conjuntura, passa por "evitar -- é isso que os bancos centrais estão a fazer -- que a inflação fique entrincheirada e se enraíze".
"Temos de evitar a espiral preços salários", apontou, a titulo de exemplo, tendo pela sua frente uma plateia de jovens socialistas, num debate moderado pelo dirigente do PS Porfírio Silva e que também teve como orador o eurodeputado e ex-ministro Pedro Marques.
Para a ex-presidente da IGCP, a partir dos aumentos registados na energia e no setor alimentar, "os preços começam a ter efeitos secundários relevantes e as pessoas começam a ter comportamentos que reforçam a ideia de indexação para reposição do seu poder de compra, o que se deve evitar".
"Estamos num ponto de inflexão, em risco de uma mudança de paradigma", advertiu, antes de apontar uma via em termos de resposta pública: "A prioridade deve ser a contenção da inflação e isso deve ser feito através de políticas que protejam o impacto nos cidadãos mais vulneráveis".
Durante a sua intervenção, Cristina Casalinho apontou que "o aumento dos juros por via do aumento das taxas de juro é menor do que as componentes da inflação, do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do agravamento da despesa pública".
"As taxas de juro estão a subir, é verdade, mas em Portugal estamos ainda longe de alguns máximos, por exemplo se pensarmos na taxa a 10 anos", observou, antes de aludir ao fator mercado de trabalho para manifestar aqui alguma apreensão.
"O mercado de trabalho, hoje, sobretudo nos Estados Unidos, encerra algumas incertezas, porque está muito apertado, o que significa que o crescimento dos salários nominais está a acontecer e então provoca uma espiral inflacionista", disse.
No caso de Portugal, a economista assinalou a previsão de um nível de dívida pública no final do ano menor do que 120% do Produto Interno Bruto (PIB).
"Quando comparamos a fatura dos juros com o efeito do crescimento do PIB nominal, verificamos que o PIB nominal cresce mais do que o efeito dos juros. Por outro lado, como havia previsões de um saldo primário positivo, isso dá folga orçamental para medidas de aumento da despesa para facilitar que a reposição de rendimentos seja alcançada", afirmou.
Numa primeira fase, segundo Cristina Casalinho, o facto de a inflação aumentar é favorável à receita pública, dando flexibilidade orçamental.
Cristina Casalinho apresentou igualmente alguns dados sobre a evolução das principais economias mundiais quando confrontadas com os choques petrolíferos de 1973 e de 1979.
De acordo com esses dados, a subida de preços agora é menor do que em 1973 e em 1979, embora se tenha partido de uma base mais baixa.
"Mas o ritmo de aceleração tem sido agora mais elevado. As taxas de juro reais são atualmente bem mais baixas do que na década de 70", completou.
"Para controlar a inflação vamos ter custos ao nível do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, vamos ter alguma dor", declarou Cristina Casalinho, atual administradora da Fundação Calouste Gulbenkian, perante a Academia Socialista, iniciativa do PS que decorre na Batalha, distrito de Leiria.
"Temos de evitar a espiral preços salários", apontou, a titulo de exemplo, tendo pela sua frente uma plateia de jovens socialistas, num debate moderado pelo dirigente do PS Porfírio Silva e que também teve como orador o eurodeputado e ex-ministro Pedro Marques.
Para a ex-presidente da IGCP, a partir dos aumentos registados na energia e no setor alimentar, "os preços começam a ter efeitos secundários relevantes e as pessoas começam a ter comportamentos que reforçam a ideia de indexação para reposição do seu poder de compra, o que se deve evitar".
"Estamos num ponto de inflexão, em risco de uma mudança de paradigma", advertiu, antes de apontar uma via em termos de resposta pública: "A prioridade deve ser a contenção da inflação e isso deve ser feito através de políticas que protejam o impacto nos cidadãos mais vulneráveis".
Durante a sua intervenção, Cristina Casalinho apontou que "o aumento dos juros por via do aumento das taxas de juro é menor do que as componentes da inflação, do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do agravamento da despesa pública".
"As taxas de juro estão a subir, é verdade, mas em Portugal estamos ainda longe de alguns máximos, por exemplo se pensarmos na taxa a 10 anos", observou, antes de aludir ao fator mercado de trabalho para manifestar aqui alguma apreensão.
"O mercado de trabalho, hoje, sobretudo nos Estados Unidos, encerra algumas incertezas, porque está muito apertado, o que significa que o crescimento dos salários nominais está a acontecer e então provoca uma espiral inflacionista", disse.
No caso de Portugal, a economista assinalou a previsão de um nível de dívida pública no final do ano menor do que 120% do Produto Interno Bruto (PIB).
"Quando comparamos a fatura dos juros com o efeito do crescimento do PIB nominal, verificamos que o PIB nominal cresce mais do que o efeito dos juros. Por outro lado, como havia previsões de um saldo primário positivo, isso dá folga orçamental para medidas de aumento da despesa para facilitar que a reposição de rendimentos seja alcançada", afirmou.
Numa primeira fase, segundo Cristina Casalinho, o facto de a inflação aumentar é favorável à receita pública, dando flexibilidade orçamental.
Cristina Casalinho apresentou igualmente alguns dados sobre a evolução das principais economias mundiais quando confrontadas com os choques petrolíferos de 1973 e de 1979.
De acordo com esses dados, a subida de preços agora é menor do que em 1973 e em 1979, embora se tenha partido de uma base mais baixa.
"Mas o ritmo de aceleração tem sido agora mais elevado. As taxas de juro reais são atualmente bem mais baixas do que na década de 70", completou.