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BNP Paribas elogia "ajustamento notável" de Portugal e afasta impacto de tarifas de Trump no país
O peso dos serviços e das exportações para os EUA no PIB são uma boa razão para Isabelle Mateos y Lago acreditar que o país estará pouco exposto às tarifas de Trump. A economista-chefe não poupou elogios à redução do défice português.
A conferência estava marcada para falar sobre o "outlook" económico para o próximo ano a nível global, mas perante as linhas de desempenho económico e redução do défice de Portugal nos gráficos que apresentou no último andar de uma das torres do Centro Comercial Colombo – na sede do BNP Paribas - a economista-chefe da instituição, Isabelle Mateos y Lago não poupou nos elogios ao país e ainda antecipou que Portugal não venha a ser demasiado impactado pelas tarifas que venham a ser impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
"A maioria dos países tem défices elevados, alguns reduziram os seus défices", começou por referir Isabelle Mateos y Lago, frisando, no entanto, que Portugal "está a fazer um ajustamento notável", em termos de redução do rácio da dívida sobre o PIB.
A economista-chefe desdramatizou ainda um potencial impacto da imposição de tarifas às exportações pela nova administração liderada por Donald Trump. "O crescimento da economia portuguesa não é enorme, mas é uma história muito diferente das [economias] alemã ou chinesa", salientou Isabelle Mateos y Lago.
Isto, porque em Portugal, apenas uma boa percentagem "da economia corresponde a serviços, que não estão sujeitos às tarifas do senhor Trump". Além disso, "no final do dia a exportação para os EUA, em termos do PIB, é muito baixa por isso [Portugal] é muito pouco vulnerável". Recenetemente, Donald Trump anunciou tarifas sobre a China, México e Canadá - têm uma grande relevância para as empresas europeias.
Numa perspetiva mais global, a economista-chefe do banco de investimento aponta (como outras casas de investimento) para um cenário de "soft landing". "A aterragem suave significa uma tendência de longo prazo. Basicamente, a ideia é que na Zona Euro, no Reino Unido e EUA "e muitos países da zona euro acelerem no próximo ano", explicou Isabelle Mateos y Lago.
"Em termos de inflação é a mesma história", acrescentou a economista-chefe, que espera que esta desça "lentamente recuando para a meta". Ainda assim "nada deve ser dado como garantido", frisou Isabelle Mateos y Lago. A economista-chefe salientou que o sentimento dos bancos centrais é de cautela o que pode explicar a falta de pressa dos bancos centrais em cortar juros. "Como o mercado de trabalho esta apertado não é claro se colocará pressão nos salários", justificou.
Os mercados já se aperceberam desta cautela, na ótica do BNP Paribas, o que os levou a tornarem-se menos otimistas sobre os cortes de juros. Assim, nos EUA e no Reino Unido os mercados apontam para que não haja tantos cortes como inicialmente esperado. Já "na Zona Euro, a história é diferente", tendo em conta que os investidores acreditam que "o BCE vai ser mais pragmático e cortar mais os juros", defendeu Isabelle Mateos y Lago.
(Notícia atualizada às 10:47 horas).