Notícia
Advogados arguidos na "Operação Influencer" suspensos da Morais Leitão
Rui de Oliveira Neves e João Tiago Silveira pediram à sociedade de advogados a sua suspensão.
A Morais Leitão informou nesta sexta-feira à noite, em comunicado, que suspendeu os sócios Rui de Oliveira Neves e João Tiago Silveira, "com efeitos imediatos, a pedido destes".
Os dois advogados, sócios da Morais Leitão, estão entre os nove arguidos na investigação do Ministério Público aos negócios do lítio, hidrogénio e 'data center' de Sines – no âmbito da operação Influencer, que levou a que o primeiro-ministro, António Costa, se demitisse – e, por isso mesmo, pediram para serem suspensos da sociedade.
Rui Oliveira Neves, administrador jurídico e de sustentabilidade da Start Campus, está entre os cinco detidos no âmbito deste caso, sendo que João Tiago Silveira – ex-secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, ex-secretário de Estado da Justiça no Governo de Sócrates e sócio da Morais Leitão desde 2017 – está apenas, pelo menos por agora, constituído como arguido.
Os restantes arguidos da operação Influencer são Diogo Lacerda Machado, amigo de Costa; Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro; Afonso Salema, CEO da da Start Campus; Nuno Mascarenhas, autarca de Sines, João Galamba, ministro das Infraestruturas; a empresa Start Campus; e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta.
Rui Oliveira Neves, advogado de profissão, passou pela Galp entre 2013 e 2021 - onde foi diretor de assuntos jurídicos e governance, bem como secretário-geral, e teve funções de gestão - depois de 14 anos na sociedade Morais Leitão, à qual regressou em 2021. É descrito pela empresa como "um dos advogados mais ativos na área do direito da energia".
Quanto a João Tiago Silveira, quando ontem foi avançada pelo Eco a notícia de que engrossava a lista de arguidos (que passaram de sete para nove, com a inclusão também da empresa Start Campus), o advogado confirmou a mesma. "Confirmo que fui constituído arguido no âmbito do processo tornado público na passada terça-feira. Guardarei os meus comentários para a sede e momento próprios, se e quando me confrontarem com factos concretos", escreveu numa nota enviada ao Negócios por fonte da Morais Leitão.
E acrescentou ainda: "Perante o ruído que se tem instalado e antes que suspeitas sem contraditório se consolidem na opinião pública, quero deixar muito claro o seguinte: ao longo da minha vida profissional, nunca confundi o exercício de funções públicas e de funções privadas, em particular da profissão de Advogado. Mas há uma nota comum em toda a minha carreira, no setor público e no setor privado: a honestidade e o estrito respeito pela legalidade".
Recorde-se que a Procuradoria-Geral da República (PGR) realizou inúmeras buscas nos últimos dias para "identificação e apreensão de documentos e outros meios de prova de interesse para a descoberta da verdade" no âmbito da investigação aos negócios de lítio e hidrogénio. Em causa estão crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva e tráfico de influência.
O primeiro-ministro vai ser investigado num processo autónomo no Supremo Tribunal de Justiça, depois de o seu nome ter sido alegadamente invocado por suspeitos para "desbloquear procedimentos" – o que o levou a pedir ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a sua demissão de primeiro-ministro.