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Abu Dabi prepara-se para comprar participação no porto de Esmirna
É um sinal de reaproximação entre os dois países rivais. Ainda que não se saiba a fatia do porto de Esmirna, na Turquia, que Abu Dhabi vai comprar, a Reuters indica que o negócio pode valer 500 milhões de dólares.
O acordo de livre comércio assinado em maio entre os Emirados Árabes Unidos e a Turquia, para facilitar investimento, parece estar já a surtir efeito: quatro fontes próximas do negócio garantiram à Reuters que Abu Dabi está prestes a comprar uma participação de relevo no importante porto turco de Esmirna.
Em causa está o investimento do estatal AD Ports Group para gerir o porto no Mar Egeu, que é atualmente detido pelo fundo soberano da Turquia. Desconhece-se ainda o tamanho da participação, mas uma das fontes, que pediu anonimato, diz que está em causa um negócio de 500 milhões de dólares.
O porto de Esmirna é considerado estratégico, mas está em urgente necessidade de investimento. Além disso, a Turquia, tal como muitos outros países, quer ter maior proximidade às cadeias de produção e reduzir a dependência externa - uma questão que se tornou evidente durante a pandemia, em que as redes de abastecimento foram gravemente perturbadas, mas que também é válida em contextos de tensão geopolítica.
Ancara tem tentado atrair investimento estrangeiro, numa tentativa de estabilizar a economia, ferida por elevada inflação e depreciação da moeda. O país espera que a subida agressiva das taxas de juro possa contrariar o êxodo de investidores sentido nos últimos anos.
A Reuters contactou o potencial comprador e também o vendedor, mas nenhuma parte quis comentar.
Há dois anos que a Turquia e os Emirados Árabes Unidos iniciaram um processo de reaproximação, após anos de conflito. Recep Tayyip Erdogan e o presidente dos Emirados, Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, encontraram-se à margem da COP28, este mês no Dubai, e têm sido vários os dirigentes de Abu Dhabi que dizem ver enormes oportunidades de investimento na Turquia, em particular no setor energético e de logística.
De acordo com a Reuters, os dois países já se comprometeram mesmo com negócios num valor total que ultrapassa os 50 mil milhões de dólares.