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Nova presidente da Gulbenkian toma posse com acção social na agenda
A nova presidente da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), Isabel Mota, toma posse na quarta-feira, na sede da entidade, em Lisboa, com a acção social entre as prioridades para o seu mandato à frente da instituição com 60 anos.
Primeira mulher eleita para liderar a Gulbenkian, Isabel Mota, 65 anos, sucede, na presidência do conselho de administração, a Artur Santos Silva. Numa declaração divulgada quando o seu nome foi anunciado, no final do ano passado, a nova presidente assumia, entre três compromissos, acompanhar "os mais vulneráveis, que deverão ser os principais beneficiários da actividade da Fundação".
Nesses compromissos, também apontou "o futuro, prosseguindo o propósito de manter a Fundação a acompanhar os novos tempos, tanto em Portugal como nas diferentes comunidades que serve". Sobre o terceiro compromisso, disse: "a arte e a cultura, que nos dão a sabedoria e constituem os alicerces da tão necessária tolerância nos tempos conturbados em que vivemos".
Instituição sem fins lucrativos criada com bens do mecenas arménio Calouste Gulbenkian a partir de disposição testamentária, legados a Portugal sob a forma de fundação, a Gulbenkian tem como principais actividades, exercidas em quatro áreas estatutárias, a arte, a beneficência, a educação e a ciência.
A FCG possui ainda uma orquestra própria, um coro, bibliotecas, salas de espectáculos e duas colecções de arte, uma de arte antiga e outra de arte contemporânea, expostas ao público.
O anúncio da renovação da presidência da Gulbenkian deu-se em Dezembro ao ano passado, antes do fim do mandato do actual presidente, Artur Santos Silva, que completou 75 anos.
Eleita por unanimidade, Isabel Mota é membro executivo do conselho de administração da Gulbenkian desde 1999.
Licenciada em Finanças pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, da Universidade Técnica de Lisboa, em 1973, desempenha funções no Comité de Supervisão da Partex Oil and Gas (Holdings) Corporation, que gere os activos de petróleo e gás da Fundação, responsáveis por cerca de 20% do rendimento da entidade.
A esse propósito, esta semana, dezenas de personalidades, da cultura à política, subscreveram uma carta aberta à Gulbenkian pedindo que a instituição abandone os investimentos relacionados com activos petrolíferos.
A actriz Ana Zanatti, o ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República Alfredo Barroso, o politólogo André Freire, o cineasta António Pedro Vasconcelos, os músicos António Zambujo e Carlos do Carmo são alguns dos subscritores do documento.
Na missiva, é pedido à nova administração da Gulbenkian que "trabalhe numa estratégia de saída dos seus activos relacionados com combustíveis fósseis". O compositor Carlos Tê, o historiador Fernando Rosas e o ex-dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã assinam também a carta, juntamente com o ilustrador Henrique Cayatte, a investigadora Irene Pimentel e o actor Joaquim de Almeida.
"Sabemos que, uma parte considerável dos activos que permitem a acção da fundação são activos petrolíferos", escrevem os signatários, reconhecendo que o petróleo e derivados foram motores de prosperidade no século passado, mas alertando para a necessidade de uma mudança de paradigma. Para os subscritores, entre os quais se encontram ainda o músico Jorge Palma, e a escritora Lídia Jorge, a transição para uma economia descarbonizada é agora "um imperativo incontestado".
Desde 2002 membro não executivo do conselho de administração da Gulbenkian, Artur Santos Silva, eleito formalmente presidente da fundação em Dezembro de 2011, assumiu o cargo para cinco anos, em Maio do ano seguinte.
Artur Santos Silva, que ocupou lugares destacados na banca portuguesa nos últimos 40 anos, sucedeu em 2012 a Emílio Rui Vilar.