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Pacientes com covid-19 persistente intrigam médicos nos EUA

Mais de um ano depois do surgimento da pandemia, os casos de pacientes com sequelas causadas pela covid-19 continuam a deixar os médicos intrigados nos EUA.

30 de Maio de 2021 às 15:00
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Tasha Clark testou positivo para a covid-19 a 8 de abril de 2020. A residente no estado de Connecticut, agora com 41 anos, ficou aliviada porque os seus sintomas na altura - diarreia, dor de garganta e dores no corpo - não pareciam particularmente graves. Nunca teve febre e não foi hospitalizada. Então percebeu que, se o coronavírus não a matasse, em semanas regressaria ao trabalho e poderia tomar conta das duas filhas.

Mas a situação atual é muito diferente daquilo que havia imaginado. Mais de um ano depois, Clark é um exemplo clássico dos casos de covid persistente. Clark sofre de uma série de sintomas incapacitantes, como dor nos nervos e perda de sensibilidade nos braços e pernas, inflamação da coluna, confusão, tonturas e aumento da frequência cardíaca quando se levanta.

Toma esteróides e nove outros medicamentos com receita médica, incluindo infusões duas vezes por mês de terapia imunológica numa clínica da Universidade Yale para tratar as complicações neurológicas.

Quando o trabalho de rececionista num centro de reabilitação física não conseguiu adaptar-se à sua deficiência, Clark teve de aceitar um emprego com um seguro médico com uma cobertura mais baixa. A vida fora do trabalho é uma odisseia sem fim de consultas médicas e exames laboratoriais. "Nunca num milhão de anos pensei que um ano depois a minha vida estaria reduzida a isto", diz Clark, que mora com o marido e as duas filhas em idade escolar em Milford. "Não saber se algum dia vou recuperar é assustador."

A extensão dos misteriosos sintomas persistentes desencadeados pela covid-19 emerge com mais clareza com base em casos como o de Clark. Porém, após mais de um ano de pandemia, aquilo que causa os sintomas e a melhor forma de tratá-los não são ainda claros. O que torna a pesquisa especialmente difícil é que há uma gama muito ampla de questões de saúde envolvidas - confusão mental, problemas cardiovasculares e casos raros de psicose - e não há um consenso sobre quem se qualifica como um paciente de Covid persistente.

"Não há consenso sobre como definir, diagnosticar ou medir essa síndrome", disse Steven Deeks, professor da Universidade da Califórnia, em São Francisco, durante o painel de saúde do Comité de Energia e Comércio da Câmara de Deputados dos EUA, a 28 de abril. "Toda a gente está a usar definições diferentes e o estado da arte é uma confusão".

Embora as estimativas variem muito, os dados sugerem que a covid-19 pode deixar um legado após o fim da pandemia. Uma pesquisa do governo britânico revelou que quase 14% das pessoas com covid relataram sintomas que duraram pelo menos 12 semanas. Já noutro estudo da Universidade de Washington, um terço das pessoas diagnosticadas com casos leves de covid-19 ainda apresentavam sintomas cerca de seis meses depois.
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