Notícia
Francisco George admite que covid-19 pode vir a ser erradicada
As ferramentas que a ciência atualmente tem podem vir a controlar o novo coronavírus, afirma o antigo diretor-geral da Saúde. Por agora, sublinha, ainda não podemos dizer que acabou. E o Inverno que se aproxima é uma incógnita.
25 de Setembro de 2021 às 10:35
O especialista em saúde pública Francisco George admite que o vírus que provoca a doença covid-19 venha a ser erradicado, porque há hoje meios para tal, mas recusa projetar uma data. Em entrevista à Agência Lusa, o médico e antigo diretor-geral da Saúde considera que ainda é cedo para se perceber o que se vai passar com o novo coronavírus mas admite: "Há ferramentas e meios que a ciência hoje disponibiliza que podem vir a controlar e eliminar o vírus".
"É possível que isso venha a acontecer. Ninguém pode dizer que nunca nos libertaremos deste vírus. Mas também ninguém pode dizer que nos vamos libertar o vírus dentro de pouco tempo", afirma. A luta contra o Sars-Cov-2, que provoca a doença covid-19, é um assunto que está em análise permanente, a nível mundial, lembra o especialista.
E acrescenta: "Nós, aqui em Portugal, também deveríamos ter mais pensamento sobre estas questões, e equipas que devem seguir estes problemas, para antever na medida do possível aquilo que possa acontecer". Porque, garante, é preciso antecipar a reemergência ou a emergência de novos problemas.
Na entrevista, Francisco George não se cansa de enfatizar a importância do estudo, da análise científica, do trabalho de prevenção. Porque a natureza de um vírus como o atual assim o exige.
Inverno ainda é incógnita
Cauteloso, o especialista não quer avançar se no inverno vai haver, como no ano passado, um aumento exponencial de casos de covid-19. E lembra, sem ser crítico, mas compreendendo, declarações de Graça Freitas, atual diretora-geral da Saúde, no início da pandemia, a minimizar a importância do novo coronavirus.
"Aquilo que se diz hoje pode perder atualidade, é verdade naquele dia, mas pode não ser verdade uma semana depois. Este vírus apresenta uma capacidade de mutação que nós já conhecemos pela formação das variantes que estão a circular. Isso é verdade, mas ainda é cedo para antever o final da pandemia. Nós ainda não podermos dizer acabou", diz.
As variantes, explica, resultam de um conjunto de mutações do vírus durante a fase de replicação nas células, e estão relacionadas com a magnitude da propagação epidémica, pelo que é mais passível de acontecerem em países grandes, como a China ou a Índia. Um conjunto de pequenas alterações formam uma variante e essa variante adquire características que podem ser melhores ou piores do que a estirpe inicial, diz, para explicar o quanto é difícil ter certezas nesta matéria.
Mas certo é que a história recente da medicina mostrou que os vírus podem ser eliminados e controlados. Aconteceu, lembra, com a varíola, considerada erradicada, deve acontecer com a poliomielite.
E há as vacinas, sobre as quais Francisco George fala diversas vezes. E entetanto surgirão os medicamentos, admite. Segundo Francisco George, os Estados, sobretudo no ocidente, não fazem investigação científica no sentido de produção de vacinas, o que compete às empresas farmacêuticas.
O que agora aconteceu, refere, foi que se percebeu que, tendo o vírus sido sequenciado, era mais rápido procurar uma vacina do que um antiviral. "E foi isso que aconteceu em todos os centros da indústria farmacêutica, de diferentes continentes, que produziram uma vacina quase simultâneo, se bem que com características distintas", diz.
E acrescenta: "No que respeita aos medicamentos a linha de trabalho foi estudar os antivirais que tinham sido ensaiados na epidemia de ébola de 2014". Nessa linha de investigação foram selecionados alguns medicamentos que agora estão em fase avançada de estudo e que podem "estar acessíveis em breve". Tanto que, conclui Francisco George, é natural que venhamos a ter em breve mais medicamentos.
"É possível que isso venha a acontecer. Ninguém pode dizer que nunca nos libertaremos deste vírus. Mas também ninguém pode dizer que nos vamos libertar o vírus dentro de pouco tempo", afirma. A luta contra o Sars-Cov-2, que provoca a doença covid-19, é um assunto que está em análise permanente, a nível mundial, lembra o especialista.
Na entrevista, Francisco George não se cansa de enfatizar a importância do estudo, da análise científica, do trabalho de prevenção. Porque a natureza de um vírus como o atual assim o exige.
Inverno ainda é incógnita
Cauteloso, o especialista não quer avançar se no inverno vai haver, como no ano passado, um aumento exponencial de casos de covid-19. E lembra, sem ser crítico, mas compreendendo, declarações de Graça Freitas, atual diretora-geral da Saúde, no início da pandemia, a minimizar a importância do novo coronavirus.
"Aquilo que se diz hoje pode perder atualidade, é verdade naquele dia, mas pode não ser verdade uma semana depois. Este vírus apresenta uma capacidade de mutação que nós já conhecemos pela formação das variantes que estão a circular. Isso é verdade, mas ainda é cedo para antever o final da pandemia. Nós ainda não podermos dizer acabou", diz.
As variantes, explica, resultam de um conjunto de mutações do vírus durante a fase de replicação nas células, e estão relacionadas com a magnitude da propagação epidémica, pelo que é mais passível de acontecerem em países grandes, como a China ou a Índia. Um conjunto de pequenas alterações formam uma variante e essa variante adquire características que podem ser melhores ou piores do que a estirpe inicial, diz, para explicar o quanto é difícil ter certezas nesta matéria.
Mas certo é que a história recente da medicina mostrou que os vírus podem ser eliminados e controlados. Aconteceu, lembra, com a varíola, considerada erradicada, deve acontecer com a poliomielite.
E há as vacinas, sobre as quais Francisco George fala diversas vezes. E entetanto surgirão os medicamentos, admite. Segundo Francisco George, os Estados, sobretudo no ocidente, não fazem investigação científica no sentido de produção de vacinas, o que compete às empresas farmacêuticas.
O que agora aconteceu, refere, foi que se percebeu que, tendo o vírus sido sequenciado, era mais rápido procurar uma vacina do que um antiviral. "E foi isso que aconteceu em todos os centros da indústria farmacêutica, de diferentes continentes, que produziram uma vacina quase simultâneo, se bem que com características distintas", diz.
E acrescenta: "No que respeita aos medicamentos a linha de trabalho foi estudar os antivirais que tinham sido ensaiados na epidemia de ébola de 2014". Nessa linha de investigação foram selecionados alguns medicamentos que agora estão em fase avançada de estudo e que podem "estar acessíveis em breve". Tanto que, conclui Francisco George, é natural que venhamos a ter em breve mais medicamentos.