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Especialista: Portugal foi lento na resposta a novas variantes

O médico intensivista José Artur Paiva admite que, pela segunda vez, Portugal foi lento na resposta ao aparecimento de uma nova variante do vírus SARS-Cov2 e defende estudos de sequenciação numa quantidade mais significativa de amostras.

Bruno Colaço
29 de Junho de 2021 às 07:02
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"É preciso estar atento ao aparecimento de novas variantes. Pela segunda vez, talvez tenhamos respondido um pouco devagar demais em relação ao aparecimento de uma nova variante: em dezembro, com a variante alfa (a inglesa), e agora, com a delta", afirmou o responsável, em declarações à agência Lusa.

José Artur Paiva, que faz parte da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a COVID-19, defendeu a realização de "estudos de sequenciação numa quantidade de amostras mais significativa do que a que atualmente se faz, para perceber melhor o aparecimento e a evolução destas novas variantes".

"Fazendo-o numa amostra não selecionada, mas estando muito atento aos casos de doença que aparecem e que são mais prováveis estar associados a novas variantes, como os que aparecem em pessoas vacinadas, os que aparecem em pessoas que já tiveram covid-19 e estão a ter novamente e até os casos que aparecem com formas atípicas da doença", acrescentou.

Para o especialista, "um enfoque grande no estudo sequencial deste tipo de casos é uma boa maneira de deteção precoce do aparecimento destas novas variantes".

O também diretor de serviço de medicina intensiva do Hospital de São João, no Porto, defende a necessidade de pôr a funcionar metodologias "que façam controlo da aquisição de novas variantes", designadamente os certificados digitais covid-19: "a retoma das viagens tem de estar associada a uma regulação e controlo das pessoas que passam fronteiras".

Para reduzir o índice de transmissibilidade (Rt), o especialista sublinha ainda a importância de cumprir as regras de etiqueta como o uso da máscara, desinfeção de mãos, distanciamento físico e o evitar de aglomerações, assim como a necessidade de manter elevada a capacidade de testagem e de identificar contactos.

Sobre os doentes internados em cuidados intensivos, que segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde se situam nos 115, José Artur Paiva diz que "não há sobrecarga do sistema", que a taxa de ocupação mais elevada ocorre na região de Lisboa e Vale do Tejo, que tem entre 75% a 80%, enquanto "as outras regiões do país estão abaixo dos 60%".

"Há uma folga relativamente significativa. Das 215 camas à escala nacional para doente covid-19 crítico, cerca de 115 estarão ocupadas. Não há qualquer sobrecarga do sistema pelo covid-19 e o papel da vacinação, reduzindo as formas mais graves da doença, foi significativo", afirmou.

Contudo, sublinhou: "Como sabemos que um percentual das formas de covid-19 que aparecem vão ter alguma gravidade, se não formos capazes de conter o Rt, vai haver fatalmente aumento do número de casos".

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