Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Saldo externo continua a deteriorar-se. Défice aumenta 165% até julho

O saldo externo continua longe dos valores do ano passado. O défice externo de Portugal mais do que duplicou até julho. Contudo, o final do ano tende a ser positivo pelo que poderá ainda tornar-se num excedente.

18 de Setembro de 2019 às 11:31
  • 25
  • ...
É uma tendência que prossegue sem inversão. O acumulado do défice da balança corrente e de capital entre janeiro e julho deste ano atingiu os 1,6 mil milhões de euros, o que compara com os 661 milhões de euros que se registavam no mesmo período do ano passado. Os dados foram publicados esta quarta-feira, 18 de setembro, pelo Banco de Portugal.

"Até julho de 2019, o saldo conjunto das balanças corrente e de capital fixou-se em -1.633 milhões de euros, o que compara com -616 milhões de euros em igual período de 2018", escreve o banco central na nota de informação estatística sobre a balança de pagamentos de Portugal. Ou seja, o valor mais do que duplicou, aproximando-se de um valor em que triplica.

E o "culpado" continua a ser o desequilíbrio do comércio internacional de bens que não deixou de ser deficitário na economia portuguesa durante o processo de ajustamento. "Para esta evolução contribuiu, sobretudo, a balança de bens", aponta o Banco de Portugal, referindo que o défice de bens aumentou dois mil milhões de euros até julho para os 9,6 mil milhões de euros (+26%). O défice de bens já vai nos 8,1% do PIB.

Nos últimos anos, o bom desempenho das exportações de serviços tinha sido suficiente para acomodar o défice de bens, mas essa compensação tornou-se mais difícil. A contribuir negativamente para o saldo externo está também a balança de serviços, que é excedentária mas encolheu 137 milhões de euros no acumulado dos primeiros sete meses do ano. O excedente nos serviços passou de 6,8% do PIB para 6,6%.

Tanto nos bens como nos serviços, as importações têm crescido a um ritmo superior ao das exportações em Portugal. "Nos primeiros sete meses do ano, as exportações de bens e serviços cresceram 3% (2,2% nos bens e 4,6% nos serviços) e as importações aumentaram 7,4% (6,7% nos bens e 10,8% nos serviços)", assinala o BdP. 
Por outro lado, a balança de rendimento primário, que é deficitária, deu um contributo positivo para o saldo externo dado que o défice diminuiu 748 milhões de euros para os 3,34 mil milhões de euros. Esta queda é explicada pela redução dos juros pagos a entidades não residentes. 

A balança de capital, apesar de ter reduzido ligeiramente, também continua a dar um contributo positivo para as contas externas do país.

Já a balança financeira deteriorou-se uma vez que os ativos líquidos de Portugal face ao exterior diminuíram em 1,7 mil milhões de euros. "É de destacar o aumento de passivos através do investimento de não residentes em sociedades não financeiras residentes e em obrigações do tesouro, e uma redução de ativos emitidos por não residentes na posse do setor financeiro", explica o Banco de Portugal. Ou seja, houve mais estrangeiros a investir em empresas portugueses e em dívida pública. E, além disso, o setor financeiro (principalmente o próprio BdP) reduziu os ativos estrangeiros.

Tudo somado, Portugal continua a ter um défice conjunto das balanças corrente e de capital até julho. Nos dois últimos anos, o saldo passou a excedentário cada vez mais tarde (julho em 2017 e agosto em 2018), o que deverá repetir-se este ano. Dada a diferença significativa face aos anos anteriores, não é de excluir que este saldo fique negativo até ao final do ano.

Note-se que a variação da balança de pagamentos influencia a posição de investimento internacional do país, um indicador da dívida externa portuguesa.
Ver comentários
Saber mais Saldo externo défice externo contas externas Portugal bens serviços balança corrente balança de capital
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio