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Guerra na Ucrânia abranda crescimento da economia global para 3,6%
Com a guerra na Ucrânia, o FMI reviu em baixa as estimativas de crescimento da economia mundial. Espera agora que o PIB global avance 3,6% este ano e que a inflação dispare para os 5,7% nas economias avançadas.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a economia mundial cresça 3,6% este ano, menos 0,8 pontos percentuais do que o previsto em janeiro, devido sobretudo aos impactos da invasão militar russa à Ucrânia. Inflação nas economias avançadas dispara para 5,7%.
"Além dos impactos humanitários imediatos, a guerra vai travar de forma severa a recuperação global, abrandando o crescimento e aumentando ainda mais a inflação", diz o FMI, no 'World Economic Outlook', relatório com as previsões económicas para o mundo divulgado nesta terça-feira, 19 de abril.
Em janeiro, o FMI estava otimista e esperava que a economia mundial acelerasse no segundo trimestre deste ano, depois do curto impacto da variante Ómicron no início do ano. Mas em três meses, a conjuntura internacional deteriorou-se, sobretudo devido à invasão da Ucrânia e pelas sanções impostas à Rússia.
Agora, o Fundo antecipa que a economia mundial cresça 3,6% em 2022 e em 2023, uma revisão em baixa face às previsões de janeiro, mais acentuada para este ano (em 0,8 pontos percentuais) do que para o próximo (0,2 pontos).
Este revisão reflete o impacto direto da guerra na Rússia e na Ucrânia - e o ricochete mundial, lê-se no relatório. O Fundo antecipa grandes contrações do PIB nos dois países este ano, embora com origens diferentes: o "colapso severo" na Ucrânia é o resultado direto da invasão, que destruiu infraestruturas e levou à fuga massiva da sua população. Na Rússia, a queda acentuada do PIB reflete o impacto das sanções, com o enfraquecimento das trocas comerciais, a dificuldade de intermediação financeira e a perda de confiança interna.
No entanto, os efeitos económicos da guerra "estão a espalhar-se de forma alargada e longínqua, como ondas sísmicas que emanam de um terramoto", escreve o FMI. Isso vê-se nos mercados de matérias-primas, no comércio internacional e nas ligações financeiras.
Como a Rússia é um grande fornecedor de petróleo, gás natural e metais e, juntamente com a Ucrânia, de milho e trigo, a queda na oferta destes bens já fez disparar os preços de forma acentuada. "A Europa, o Cáucaso e a Ásia Central, o Médio Oriente e o Norte de África e a África subsariana são os mais afetados", afirma. "A subida de preços na comida e nos combustíveis vai afetar as famílias com rendimentos mais baixos a nível mundial", avisa.
Além disso, o FMI espera agora que a inflação dispare para 5,7% nas economias avançadas e para 8,7% nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento - é uma subida de 1,8 e 2,8 pontos percentuais face aos valores estimados em janeiro.