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FMI corta previsões para a economia mundial e vê Europa a crescer menos
A economia global já não vai acelerar nos próximos anos e os riscos negativos para o crescimento aumentaram, avisa o FMI no World Economic Outlook.
O Fundo Monetário Internacional está menos optimista com a evolução da economia mundial este ano e em 2019. O impacto da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o abrandamento da economia europeia e a crise em vários mercados emergentes são as principais razões para o corte de estimativas efectuado esta terça-feira pela entidade liderada por Christine Lagarde.
O FMI vê a economia mundial a crescer 3,7% em 2018 e 3,7% no próximo ano, igualando a taxa de crescimento registada em 2017. Trata-se de uma revisão em baixa face às estimativas anunciadas pelo FMI em Julho, altura em que apontava para uma aceleração da economia para 3,9% em ambos os anos.
Em vez de aceleração, a entidade sedeada em Washington aponta agora para uma estabilização da economia global. "Vai continuar a expansão estável da economia global que está em curso desde meados de 2016, com o crescimento projectado para 2018-2019 a permanecer ao nível de 2017", refere o World Economic Outlook do FMI, que foi divulgado esta terça-feira em Bali, na Indonésia.
Apesar desta estagnação, "a expansão da economia mundial tornou-se menos equilibrada e pode já ter atingido o pico em algumas economias", assinala o FMI. Além disso, nos últimos seis meses, "aumentaram os riscos descendentes para o crescimento global e diminuiu o potencial para surpresas positivas".
Apesar de os Estados Unidos continuarem com um "forte crescimento devido ao impacto do corte de impostos, o FMI reviu a projecção para o crescimento do PIB em 2019 devido aos efeitos da guerra comercial com a China. O PIB da maior economia do mundo deverá crescer 2,9% este ano e abrandar para 2,5% em 2019 (menos duas décimas do que o previsto em Julho).
O FMI também vê a economia europeia a abrandar em 2019, mas de forma menos pronunciada. Depois do crescimento de 2,4% no ano passado, a expansão da Zona Euro vai abrandar para 2% este ano (corte de estimativa de duas décimas) e 1,9% (o mesmo que era estimado em Julho).
A Alemanha é das principais culpadas por esta revisão em baixa do crescimento na Zona Euro, já que o FMI subtraiu três décimas à estimativa para este ano e duas décimas para 2019. Depois de ter crescido 2,5% em 2017, a expansão da maior economia europeia vai abrandar para 1,9% este ano e em 2019.
As previsões para França (crescerá 1,6% em 2018 e 2019) e Espanha (crescerá 2,7% em 2018 e 2,2% em 2019) também foram revistas em ligeira baixa.
Os mercados emergentes também justificam o corte nas previsões para a economia global. "Entre os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, as previsões de crescimento para muitos exportadores energéticos foram revistas em alta devido aos preços mais elevados do petróleo, mas as estimativas foram cortadas para a Argentina, Brasil, Irão, Turquia e outros, reflectindo factores específicos de cada país, tensões geopolíticas e maiores custos de importação de bens energéticos", refere o FMI.
A perspectiva para a economia chinesa no próximo ano foi cortada em duas décimas, também devido ao efeito das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. A segunda maior economia do mundo deverá crescer 6,6% em 2018 e 6,2% em 2019, o que representa uma travagem substancial face ao crescimento de 6,9% atingido no ano passado.