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Dívida das empresas e famílias em mínimos de 10 anos

As famílias e as empresas privadas portuguesas prosseguem a bom ritmo o processo de desalavancagem. Já o Estado continua a acumular dívida.

21 de Fevereiro de 2017 às 13:34
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O endividamento do sector não financeiro em Portugal totalizava 715,8 mil milhões de euros no final de 2016, o que representa 387,6% do PIB, revelam os dados do Banco de Portugal revelados esta terça-feira, 21 de Fevereiro.

 

Este valor representa uma queda face ao final de 2015 (394,6% do PIB) e situa-se no nível mais baixo desde Junho de 2011 (384,6% do PIB), altura em que a troika estava a entrar em Portugal depois do pedido de assistência financeira do país.

 

Esta queda no endividamento da economia portuguesa reflecte quase em exclusivo da desalavancagem das empresas e famílias portuguesas, já que o Estado tem aumentado o seu nível de endividamento.

 

O sector privado não financeiro, composto pelas famílias e empresas privadas, chegou a Dezembro com um endividamento de 407,4 mil milhões de euros, o que equivale a 220,6% do PIB. Este é o nível mais baixo desde pelo menos 2007, primeiro ano em que o Banco de Portugal disponibiliza estes dados, quando o endividamento do sector privado não financeiro se situava nos 228,5% do PIB.

 

Já o sector público não financeiro tinha, em Dezembro do ano passado, uma dívida de 308,3 mil milhões de euros, o que corresponde a 167% do PIB. Ao contrário das empresas e famílias, o Estado está mais endividado, já que o peso no PIB era de 165,5% no final de 2015.

 

Na análise a mais longo prazo ainda é mais perceptível como o sector privado está a baixar de forma substancial o seu endividamento, ao contrário do Estado, que continua a acumular mais dívida.

 

Desalavancagem das famílias anulada pelo Estado

 

Desde Junho de 2011 (quando o endividamento do sector não financeiro era inferior ao actual), o peso da dívida do Estado aumentou perto de 32 pontos percentuais. Um agravamento superior ao alívio na dívida das empresas e famílias.

 

O sector privado não financeiro tinha em Junho de 2011 um endividamento que estava perto de 250% do PIB, tendo desde então descido mais de 29 pontos percentuais.

 

O esforço da descida do endividamento do sector privado é partilhado pelas famílias e empresas, já que ambas conseguiram reduzir a sua alavancagem, contribuindo para mitigar um dos principais problemas da economia portuguesa, identificado mesmo antes da chegada da troika. Face ao pico de 265% do PIB fixado no final de 2012, a redução do endividamento das famílias e empresas supera os 40 pontos percentuais no espaço de quatro anos.

 

As empresas privadas portuguesas tinham em Dezembro uma dívida de 264 milhões de euros, que correspondia a 143% do PIB, uma descida em valor (mais de 2 mil milhões de euros) e também em peso no PIB (mais de 5 pontos percentuais).

 

Já as famílias tinham uma dívida de 143,4 mil milhões de euros (77,6% do PIB), que compara com os quase 145 mil milhões registados no final de 2015 (80,7% do PIB).

 

No comunicado onde avança com os valores do endividamento da economia portuguesa, o Banco de Portugal assinala que o aumento do endividamento do sector público em 2016 "reflecte o incremento do financiamento concedido pelo sector financeiro e pelos particulares, que foi parcialmente compensado pelo decréscimo do financiamento externo".

 

Já a descida da dívida das famílias e empresas reflecte "a redução do financiamento obtido junto do sector financeiro, ainda que o endividamento externo das empresas tenha aumentado".

 

No caso das famílias, ganha particular destaque a descida do crédito à habitação, que pesa agora 55,7% no PIB, quando no final de 2015 representava 59,3% do PIB.

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