Notícia
Banco de Portugal corta previsão de crescimento para 4,9% este ano
Com a escalada da incerteza por causa da guerra na Ucrânia, o Banco de Portugal reviu em baixa a previsão de crescimento para este ano. Já a variação dos preços dispara para 4%. Mas há um cenário adverso, em que o PIB pode ter quedas trimestrais.
O Banco de Portugal reviu em baixa a sua previsão de crescimento para este ano e para 2023, refletindo o impacto da guerra na Ucrânia e o aumento da incerteza. Em vez de 5,8%, a instituição liderada por Mário Centeno espera agora um aumento de 4,9% do PIB em 2022. No próximo ano, o ritmo da atividade económica deverá abrandar para 2%. Já a inflação vai disparar para 4% este ano, abrandando depois para 1,6%. Os números foram publicados esta quinta-feira, no Boletim Económico.
O corte nas expectativas de crescimento da economia deve-se à invasão russa da Ucrânia, que dita um aumento do preço das matérias-primas, retira confiança aos agentes económicos e introduz turbulência nos mercados financeiros, explica o banco central. Além disso, também as sanções comerciais e financeiras impostas à Rússia implicarão um preço a pagar pelas economias do ocidente.
Outro motivo para a revisão em baixa em 2022 é o facto de a economia ter crescido abaixo do previsto no último trimestre de 2021, e ter revelado indicadores mais fracos no arranque deste ano, por causa de uma nova vaga da pandemia de covid-19.
Estas projeções assumem, ainda assim, que o cenário não se agrava significativamente e que não há uma escalada no conflito. Também presumem que os constrangimentos nas cadeias de valor globais se dissipam no médio prazo. Mas há um cenário adverso: caso o conflito se prolongue ou agrave, a economia portuguesa pode crescer apenas 3,6% em 2022 face a 2021, o que na prática significa estagnar face ao crescimento conseguido no final do ano passado.
Em conferência de imprensa, o governador Mário Centeno explicou que este cenário admite variações trimestrais do PIB, em média, nulas, podendo mesmo registar-se quedas trimestrais.
As previsões do Banco de Portugal estão relativamente alinhadas com as do Conselho das Finanças Públicas (CFP), o primeiro organismo a rever projeções depois da guerra na Ucrânia. Num cenário base o CFP espera um crescimento de 4,8% este ano, e no cenário adverso admite uma subida do PIB de apenas 3,5%. Ambas as projeções superam em muito a expectativa que o Governo tinha em outubro de 2021 para o crescimento deste ano. Na altura, no âmbito da proposta de Orçamento do Estado (que acabou chumbada no Parlamento) o ministério das Finanças previu um crescimento de 5,5%, que deverá agora ser também revisto em baixa quando o novo Executivo apresentar a nova proposta.
Fundos da Europa e exportações a recuperar
No cenário central, o Banco de Portugal explica que o "perfil de crescimento" da economia portuguesa beneficia dos fundos da União Europeia e da manutenção de condições de financiamento favoráveis. Esta entrada de capital vai permitir sustentar a subida do investimento, que deverá avançar 6,1% este ano e 9,2 no próximo ano.
Também as exportações deverão continuar a subir, com os bens a beneficiar de uma procura externa favorável e os serviços a ganhar com a recuperação do turismo, depois das fortes quedas da pandemia. Por enquanto, o Banco de Portugal admite apenas "efeitos limitados do conflito na Ucrânia" no turismo português e espera que as exportações de serviços ultrapassem o valor do pré-pandemia ainda no primeiro semestre deste ano.
Quanto ao mercado de trabalho, o emprego deverá continuar a aumentar, embora a um ritmo progressivamente menor. A taxa de desemprego deverá baixar para 5,9% este ano, 5,7% em 2023 e 5,6% no ano seguinte.
(Notícia atualizada às 17:18 com mais informação)
O corte nas expectativas de crescimento da economia deve-se à invasão russa da Ucrânia, que dita um aumento do preço das matérias-primas, retira confiança aos agentes económicos e introduz turbulência nos mercados financeiros, explica o banco central. Além disso, também as sanções comerciais e financeiras impostas à Rússia implicarão um preço a pagar pelas economias do ocidente.
Estas projeções assumem, ainda assim, que o cenário não se agrava significativamente e que não há uma escalada no conflito. Também presumem que os constrangimentos nas cadeias de valor globais se dissipam no médio prazo. Mas há um cenário adverso: caso o conflito se prolongue ou agrave, a economia portuguesa pode crescer apenas 3,6% em 2022 face a 2021, o que na prática significa estagnar face ao crescimento conseguido no final do ano passado.
Em conferência de imprensa, o governador Mário Centeno explicou que este cenário admite variações trimestrais do PIB, em média, nulas, podendo mesmo registar-se quedas trimestrais.
As previsões do Banco de Portugal estão relativamente alinhadas com as do Conselho das Finanças Públicas (CFP), o primeiro organismo a rever projeções depois da guerra na Ucrânia. Num cenário base o CFP espera um crescimento de 4,8% este ano, e no cenário adverso admite uma subida do PIB de apenas 3,5%. Ambas as projeções superam em muito a expectativa que o Governo tinha em outubro de 2021 para o crescimento deste ano. Na altura, no âmbito da proposta de Orçamento do Estado (que acabou chumbada no Parlamento) o ministério das Finanças previu um crescimento de 5,5%, que deverá agora ser também revisto em baixa quando o novo Executivo apresentar a nova proposta.
Fundos da Europa e exportações a recuperar
No cenário central, o Banco de Portugal explica que o "perfil de crescimento" da economia portuguesa beneficia dos fundos da União Europeia e da manutenção de condições de financiamento favoráveis. Esta entrada de capital vai permitir sustentar a subida do investimento, que deverá avançar 6,1% este ano e 9,2 no próximo ano.
Também as exportações deverão continuar a subir, com os bens a beneficiar de uma procura externa favorável e os serviços a ganhar com a recuperação do turismo, depois das fortes quedas da pandemia. Por enquanto, o Banco de Portugal admite apenas "efeitos limitados do conflito na Ucrânia" no turismo português e espera que as exportações de serviços ultrapassem o valor do pré-pandemia ainda no primeiro semestre deste ano.
Quanto ao mercado de trabalho, o emprego deverá continuar a aumentar, embora a um ritmo progressivamente menor. A taxa de desemprego deverá baixar para 5,9% este ano, 5,7% em 2023 e 5,6% no ano seguinte.
(Notícia atualizada às 17:18 com mais informação)